Câmara dos Deputados aprova texto-base do novo ensino médio
Proposta deverá ser analisada pelo Senado
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (20) o
texto-base do projeto de lei que redefine a Política Nacional do Ensino Médio
no Brasil. A proposta estabelece uma carga horária de 2,4 mil horas para a
formação geral básica (somados os três anos) e 1.800 para a formação técnica,
de forma escalonada. A proposta ainda deverá ser analisada pelo Senado.
Os deputados federais votam agora os destaques, que podem
alterar pontos da proposta.
A votação em Plenário foi acompanhada pelo ministro da
Educação, Camilo Santana. O relator do projeto de lei que revisa o novo ensino
médio, deputado Mendonça Filho (União-PE), destacou que as proposições
garantidas no texto contemplaram as preocupações do governo de elevar a carga
horária para a formação geral básica. “A grande virtude dessa proposta é que
ela foi fruto de uma ampla negociação”.
O projeto aprovado é uma alternativa à reforma do ensino
médio estabelecida em 2017, que previa 1,8 mil horas para a formação básica,
com 1,2 mil para os itinerários formativos, que são as disciplinas que o aluno
escolhe para se aprofundar a partir do que lhe é ofertado. O governo atual
enviou uma nova proposta ao Parlamento, estabelecendo a formação básica mínima
de 2,4 mil horas.
O substitutivo aprovado mantém como opcional a oferta da
língua espanhola. Também mantém a possibilidade de contratar profissionais com
notório saber, sem formação em licenciatura, para disciplinas do itinerário
técnico profissionalizante.
Os itinerários formativos terão carga mínima de 600 horas
e serão compostos pelo aprofundamento das áreas de conhecimento, consideradas
as seguintes ênfases: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da
natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; e formação
técnica e profissional.
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE),
agradeceu o relator pela construção de um consenso com o governo e com todos os
partidos da Câmara. “É assim que se constrói políticas públicas e um resultado
pautado no diálogo”, disse.
Alguns parlamentares do PT e do PSOL criticaram pontos do
projeto aprovado, como a possibilidade da atuação de profissionais com notório
saber na formação profissional e técnica e a carga horária menor para o ensino
técnico. O deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ) disse que o estabelecimento de 1,8
mil horas para o ensino técnico vai resultar na precarização dessa modalidade.
“Teremos dois ensinos médios, um da formação geral que poderá ser integral, e
outro da formação técnica, que será precarizada, porque essa será para pobre”,
criticou.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também criticou a regra que diz
que a oferta de formação técnica e profissional poderá ser feita mediante
cooperação técnica entre as secretarias de educação e as instituições
credenciadas, preferencialmente públicas. “Na prática, isso significa que eles
vão preferir fazer com a rede privada. e a gente sabe quais são os setores que
fazem lobby desde a aprovação do novo ensino médio”, disse.
Fonte: Agência Brasil/Foto: Joel Rodrigues