Governo quer acabar com obrigatoriedade de aulas em autoescolas para tirar CNH; projeto é criticado
O presidente da Federação Nacional das Autoescolas do Brasil (Feneauto), Jean Rafael Sanches, afirmou que a proposta não tem respaldo técnico e que a discussão vem sendo feita de forma unilateral pelo ministério.

O Governo Federal pretende eliminar a exigência do
aprendizado teórico e prático em autoescolas para a obtenção da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH). O projeto em estudo pelo Ministério dos
Transportes, que promete reduzir em até 80% o custo da CNH para as categorias A
(motos) e B (carros), foi criticado pela Federação Nacional das Autoescolas e
Centros de Formação de Condutores (Feneauto).
Atualmente, candidatos a uma carteira de habilitação
devem cursar 45 horas de aulas teóricas e 25 de direção (prática) na rua. O
projeto anunciado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, prevê que os
futuros motoristas poderão se preparar de forma independente, tornando
facultativo o ensino nos centros de formação.
Já a aprovação nas provas teórica e prática continuará
obrigatória. A iniciativa, segundo o chefe da pasta federal, busca democratizar
o acesso à habilitação.
Segundo Renan Filho, a medida pode beneficiar
especialmente mulheres e jovens que buscam o primeiro emprego, mas que acabam
impedidos pelo custo do processo.
“Se a família tiver dinheiro para tirar só uma
carteira, e como tirar uma custa em torno de R$ 3 a R$ 4 mil, ela escolhe tirar
só do homem e, muitas vezes, a mulher fica inabilitada, excluída, justamente
por essa condição”, disse o ministro.
Dados do Ministério dos Transportes indicam que 54% da
população não dirige ou dirige sem habilitação. Entre os motociclistas, 45%
pilotam sem CNH. Para o governo, tornar as aulas opcionais pode contribuir para
reduzir esse índice.
Autoescolas criticam projeto do Governo
Nas redes sociais, o presidente da Federação Nacional das Autoescolas do Brasil
(Feneauto), Jean Rafael Sanches, afirmou que a proposta não tem respaldo
técnico e que a discussão vem sendo feita de forma unilateral pelo ministério.
“Do ponto de vista técnico, a proposta não surgiu das
câmaras temáticas, que são os órgãos de assessoramento ao Contran (Conselho
Nacional de Trânsito). […] Nós estamos parados há um ano e se ali surgisse,
pela tecnicidade, pela experiência de quem ali se faz presente, saberia que não
teria nenhuma condição. O trânsito hoje é precário no Brasil inteiro”, afirma
Sanches.
O presidente da Feneauto também rebate os valores
divulgados pelo ministério sobre o custo atual para se obter uma CNH. “Há um
ano, ele veio novamente com um valor de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Nós contestamos na
época, porque havia um estudo da Senatran mostrando um custo de R$ 2.323,
incluindo as taxas do Estado. Fizemos o nosso estudo, temos as portarias
estaduais que são publicadas nos 27 estados da Federação”, acrescentou.
Próximos passos
O projeto ainda será analisado pela Casa Civil da Presidência da República e,
caso seja aprovado, poderá ser regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito
(Contran).
Com informações de Agência Brasil