Rombo leva Correios a lançar Programa de Demissão Voluntária que pode desligar 15 mil empregados
Empresa tenta reverter prejuízos com corte de pessoal e reorganização interna
A crise financeira dos Correios, que desde 2023
acumula um rombo de R$ 7,5 bilhões e registrou um prejuízo de R$ 2,6 bilhões
somente em 2024, levou a empresa a desencadear uma das maiores reestruturações
de sua história. Entre os fatores que contribuíram para o cenário negativo, a
estatal aponta aumento de despesas, perda de competitividade, decisões
judiciais desfavoráveis e problemas de gestão.
Como parte desse processo, a direção dos Correios
prevê uma redução expressiva no quadro de pessoal. Um novo Programa de Demissão
Voluntária (PDV) deve ser ofertado a setores e regiões classificados
internamente como de “desempenho insatisfatório”. A expectativa é que até 15
mil empregados, aproximadamente 19% da força de trabalho atual, composta por
cerca de 80 mil funcionários, adiram ao plano até 2027.
A reestruturação começou a ser detalhada entre outubro
e novembro de 2025, quando o conselho aprovou medidas destinadas a recuperar a
saúde financeira da empresa. O pacote prevê economia de até R$ 1,5 bilhão,
análise da governança interna e reformulação da estrutura organizacional.
Também está prevista a implementação de um novo Plano de Cargos e Salários até
dezembro de 2026, além da revisão dos custos ligados ao plano de saúde dos
empregados.
Paralelamente às mudanças no quadro de pessoal, a
estatal trabalha em ações adicionais para reduzir despesas e reforçar o caixa.
Entre elas está a venda de imóveis considerados ociosos, cuja manutenção
representa custos elevados. A renegociação de contratos com grandes
fornecedores também foi colocada em prática, com a intenção de obter condições
mais favoráveis sem comprometer a segurança jurídica das operações.
Apesar dessas iniciativas, a empresa afirma que a
recuperação no curto prazo depende de um aporte de até R$ 20 bilhões. A
intenção era fechar a operação com um consórcio de bancos até o fim de
novembro, mas o processo foi barrado pelo Tesouro Nacional. O órgão apontou que
a proposta continha taxas de juros superiores ao limite permitido em transações
garantidas pela União, impedindo o avanço do acordo que a estatal classificava
como “essencial” para sua transição estrutural.
Com esse conjunto de medidas, que inclui desde cortes
de pessoal até a revisão de processos internos e busca de liquidez, os Correios
tentam reverter um quadro financeiro que se agravou nos últimos anos e
assegurar a sustentabilidade da empresa até 2027.
