Terceirização substitui professor de apoio e coloca educação inclusiva em risco, em Patos de Minas
É garantido por lei que crianças atípicas, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), tenham direito ao acompanhamento de profissionais especializados dentro das instituições de ensino
A saga do professor de apoio segue se aprofundando em
Patos de Minas. Recentemente, a prefeitura firmou uma parceria com o Consórcio
CISPAR, medida que, na prática, segundo educadores da rede municipal, promove a
terceirização da educação inclusiva por meio da contratação de agentes de
educação. Esses profissionais, sem formação especializada, passariam a exercer
uma função que exige conhecimento técnico, sensibilidade pedagógica e preparo
específico, conforme apontam os professores.
É garantido por lei que crianças atípicas,
especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), tenham direito
ao acompanhamento de profissionais especializados dentro das instituições de
ensino. Para a professora Cristiane Pereira, no entanto, o que se anuncia é a
substituição do professor de apoio por agentes de educação, descaracterizando a
proposta pedagógica da inclusão e reduzindo o atendimento a um modelo
improvisado, sem o conhecimento técnico necessário.
“Perde a escola, que vê fragilizada sua base
pedagógica. Perdem os alunos, sobretudo aqueles que mais necessitam de um
acompanhamento humano, sensível e qualificado”, afirmou em entrevista ao
jornalismo da Rádio Clube 98 e ao portal Clube Notícia. “Durante a
distribuição de turmas, já existe uma lista com todas as crianças que demandam
esse atendimento especial e que, agora, passarão a ser atendidas por agentes
sem a formação exigida”, completou.
Segundo a educadora, a prefeitura justifica a mudança
alegando o aumento no número de alunos que necessitam de acompanhamento. “A
Secretaria não cria novos cargos especializados e opta por uma solução que
prioriza a economia com a terceirização da mão de obra, em detrimento da
qualidade do ensino e do direito das crianças e de suas famílias”,
destacou. “O desenvolvimento pleno dessas crianças exige profissionais
formados, capacitados e comprometidos com a educação inclusiva”, ressaltou.
Para Cristiane, “estagnam-se, de forma
dolorosa, os gritos por justiça, inclusão e os avanços conquistados na educação
especial ao longo de tantos anos de luta coletiva. Educação especial não é
improviso, não é economia, não é favor. É direito. E quando se corta o saber,
corta-se junto a esperança de muitos”, concluiu.
Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre o
assunto até o fechamento desta matéria.
Fonte: Clube Notícia
