Ação do MPMG requer transparência do município de Paracatu sobre despesas efetuadas para o combate à pandemia
O
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou Ação Civil Pública (ACP), com
pedido de liminar, contra o município de Paracatu, para que seja
disponibilizado no site do município, com livre acesso, todos os dados
referentes às despesas específicas para o combate à pandemia de Covid-19.
Em maio
de 2020, o MPMG informou a Prefeitura Municipal de Paracatu da instauração do
Procedimento Administrativo MPMG–0470.20.000336-1, com o propósito de
acompanhar e fiscalizar a execução da política de transparência pública em
relação aos gastos suportados pelo município em razão de contratações diretas
destinadas ao enfrentamento da situação emergencial decorrente do surto de
Covid-19.
Na
ocasião, foram encaminhadas, a título de cooperação, diretrizes para a boa
prática administrativa e requisitadas informações sobre contratos celebrados,
incluindo nome e CPF dos gestores, indicação de link específico, no qual
estivessem hospedadas as informações referentes às contratações, e endereço
eletrônico no qual o Portal da Transparência do município estivesse alojado.
Em julho de 2020, a Prefeitura encaminhou informações ao MPMG. Após esta data,
as informações não foram mais encaminhadas, bem como não foram devidamente
disponibilizadas pelo município. Na ação, o MPMG afirma ter verificado no site
algumas situações que apresentam suspeitas de irregularidades, que, no entanto,
não puderam ser investigadas a fundo uma vez que o site da Prefeitura não dá
acesso a todos os documentos, o que fere a legislação.
Em uma nova tentativa de solucionar a questão de forma extrajudicial, em março
de 2021, o MPMG expediu a Recomendação nº 01/2021 para que, em 15 dias, o
município disponibilizasse em seu site informações detalhadas sobre todas as
contratações e aquisições realizadas, relacionadas especificamente ao
enfrentamento e mitigação da pandemia, bem como encaminhasse à Promotoria de
Justiça cópia de todos esses contratos administrativos.
“Infelizmente, a Prefeitura Municipal de Paracatu resiste em trazer
transparência para os atos de sua administração pública, preferindo vê-la
coberta pelo manto da ignorância da sociedade. Ademais, a ausência de
encaminhamentos dos contratos ao Ministério Público, conforme requisitado,
demonstra o descaso frente aos órgãos constitucionalmente investidos dos atos
de controle externo em propiciar que estes acompanhem a aplicação dos recursos
públicos, e assim mitiguem ou coíbam as práticas de corrupção e malversação de
tais recursos”, afirmam na ação os promotores de Justiça Mariana Duarte Leão e
Nilo Virgílio dos Guimarães Alvim, coordenador regional do Patrimônio Público -
Noroeste.
Diante desses fatos, foi proposta ACP com pedido de liminar para determinar que
o município, no prazo de 30 dias, passe a divulgar de forma irrestrita,
incondicional e atualizada, independentemente de identificação dos requerentes
ou do preenchimento de qualquer tipo de formulário ou cadastro, no seu portal
da transparência, as informações em relação aos gastos suportados em razão de
contratações diretas destinadas ao enfrentamento da situação emergencial
decorrentes da pandemia. O MPMG pede ainda que seja fixada multa diária de R$ 10
mil em caso de descumprimento, a ser aplicada em caráter pessoal ao prefeito
municipal.
A ação requer que, ao final, o município seja condenado a disponibilizar link
para acesso a todos os dados, em inteiro teor, com livre acesso, referentes às
despesas específicas para o combate à Covid-19, bem como o nome e o CPF dos
gestores de todos os contratos emergenciais celebrados pela Prefeitura sob
fundamento das exceções previstas na Lei 8.666/93 e na Lei nº 13.979/20.
Fonte: Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)
Foto: Fachada do Centro Administrativo, sede da
Prefeitura de Paracatu