Alta de custos na produção de leite preocupa produtores
Emater-MG discute o cenário no Circuito Mineiro de Bovinocultura; bom planejamento alimentar do rebanho é fundamental
O aumento
dos custos de produção do setor agropecuário vem causando preocupação entre os
trabalhadores rurais. Um exemplo é a pecuária de leite. De acordo com o boletim
Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e
do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
Universidade de São Paulo (USP), entre janeiro e junho de 2021, o COE (o Custo
Operacional Efetivo) da atividade leiteira subiu 11,5%.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado
de Minas Gerais (Emater-MG) alerta os pecuaristas que o
cenário exige muita atenção, principalmente dos produtores que, na maior parte
dos casos, encontram margens apertadas nesse trabalho.
O assunto é um dos temas em
discussão no Circuito Mineiro de Bovinocultura, que este ano é transmitido
virtualmente, no canal da
Emater-MG no YouTube. O próximo seminário será em 30/9, às 15h, e
tratará das “Tecnologias Agropecuárias para o Semiárido Mineiro”.
Na live de abertura do
Circuito Mineiro de Bovinocultura, disponível no canal da Emater-MG, foram
citados aumentos de gastos com ração, mão de obra, medicamentos, manutenção de
máquinas e equipamentos, entre outros itens necessários no setor. Mas, o insumo
que mais tem pesado no bolso do produtor é a ração concentrada que, segundo o
Cepea, valorizou cerca de 11%, na média Brasil, no primeiro semestre de
2021.
A forte alta do concentrado é
resultado de aumentos das cotações da soja e do milho. Nos últimos 12 meses, a
oleaginosa teve valorização de 35% e o milho passou por alta de quase 86%.“Nós vimos este ano, o milho a R$92, a soja a
R$155 e a silagem a R$183 a tonelada. O adubo está custando cerca de R$190, o
dobro do ano passado. Já a ureia passou de R$98 para R$200, então todos esses
custos preocupam muito o produtor”, observa o presidente da Federação
das Cooperativas Agropecuárias de Leite de Minas Gerais (Fecoagro), Vasco Praça
Filho.
Margens apertadas
Diante desse cenário de alta
de custo, Vasco destaca a importância de um bom planejamento alimentar do
rebanho. “Ainda costuma haver um
improviso muito grande nesta questão. Às vezes, o produtor começa a achar caro,
não faz a silagem, e acaba gastando um volume maior de concentrado. E é um
grande erro. Um quilo de ração hoje varia entre R$ 2,50 e R$ 2,70. Se uma vaca
comer dez quilos, ela custa R$27 por dia. Já a silagem custa R$ 280 por
tonelada, ou seja, R$ 0,28 o quilo, a diferença é muito grande”, calcula o
pecuarista.
As geadas, que afetaram o
Centro-Sul do país diminuíram consideravelmente a qualidade das pastagens,
prejudicando a alimentação volumosa, que já vinha limitada devido ao tempo
seco. Para evitar perdas ainda maiores na produção de leite, os produtores
aumentaram a demanda por suplementação mineral, resultando em alta de quase 4%
no preço do insumo em julho.
Lucratividade
O coordenador técnico
regional da Emater-MG em Alfenas, Marcelo Martins, dá algumas dicas para o
pecuarista melhorar a lucratividade do negócio. Ele diz que é fundamental o
produtor ter pelo menos 40 a 45% de vacas do rebanho em lactação. “Para maximizar a receita, o pecuarista não
deve se ater ao custo mínimo. Ele deve ter um custo mais racional, ou seja, um
aumento no gasto com alimentação pode gerar lucratividade muito maior, pois
também cresce a produção”, explica Martins.
Também é importante aumentar
a produção de leite, sem baixar a qualidade, e o número de animais para a
venda, aproveitando a valorização do preço do bezerro. Reduzir os custos de
produção e partir para a especialização é outra saída.
A pecuária tem uma grande
importância econômica em Minas “O estado
tem quase 360 mil propriedades rurais envolvidas na cadeia da bovinocultura.
São 22 bilhões de cabeças de gado, sendo 3,1 bilhões de vacas ordenhadas, o que
mostra a envergadura do sistema”, ressalta o diretor presidente da
Emater-MG, Otávio Maia.
Fonte: Agência Minas