Bananeira pode ser usada como remédio e adubo
Fruta pode ser consumida crua, assada, frita, desidratada, farinha, em purê, doces e outras
Abundante na área rural, a bananeira é uma planta que pode ser
aproveitada integralmente – fruta, folhas, tronco e até o “umbigo” (ou
“coração”) podem ser usados na produção de artesanato, doces, alimentos para
humanos e animais e até como remédio veterinário natural. No dia a dia no
campo, a Emater-DF incentiva o uso integral da bananeira de diversas formas.
A área de cultivo de banana no DF só fica atrás da destinado ao plantio
de goiaba. Em 2020 foram produzidas no Distrito Federal 3.951,70 toneladas de
bananas em 196,8 hectares. Segundo o coordenador do Programa de Fruticultura da
Emater, Felipe Camargo “é uma cultura de fácil manejo, exige correções no solo
para plantio, em especial o teor de potássio. Escolhendo boas variedades e
adquirindo mudas de qualidade, é possível produzir bem”, conta.
O aproveitamento mais comum é da fruta, que pode ser consumida crua,
assada, frita, desidratada, em farinha, em purê, em doces e de diversas outras
formas. Mas a planta tem mais usos possíveis do que a exploração apenas da
banana.
“A bananeira é uma planta incrível, porque pode ser aproveitada por
completo. Por ser versátil, cria alternativas de uma alimentação diversificada,
agrega valor com a possibilidade da fabricação de vários produtos e com isso
pode ser uma oportunidade de melhoria de renda e qualidade de vida para as
pessoas, principalmente para a agricultura familiar”, diz a extensionista da
Emater-DF Selma Tavares.
Por ter folhas grandes, flexíveis, impermeáveis e antiaderentes, é
utilizada na culinária como embrulho para cozinhar ou assar. Um exemplo está na
culinária de Minas Gerais, com a Cubu, uma broinha assada na folha de
bananeira. Também há pratos em que peixes são embrulhados na folha e levados ao
forno. A folha também é usada como decoração em arranjos em vasos, como forro
de mesas e em pratos.
Na alimentação animal é usada para controle natural de endoparasitas.
Segundo o médico-veterinário da Emater-DF Pedro Ivo Passos, a bananeira também
pode ser usada integralmente na alimentação animal, de aves e suínos, por
exemplo. Mas como a fruta normalmente é priorizada para consumo humano, usa-se
o caule e as folhas picados para fornecer para aos animais. “É um vermífugo
preventivo, servindo para o controle de parasitas, mas não substitui a
vermifugação convencional em casos mais severos de verminose”, explica Passos.
Fruta e ‘umbigo’
A banana é uma fruta rica em amido, vitaminas e nutrientes. Pode ser
consumida madura in natura e processada: assada, em forma de vitamina, sorvete,
farofa, licor, bolos, pães e em variados pratos. Quando ainda verde, pode ser
feita banana chips ou ser cozida para preparar a biomassa usada em mingaus,
bolos, pudins, docinhos e outros preparos. Já a casca madura pode ser consumida
como bife, em docinhos, bolos e farofa, por exemplo.
O “umbigo” da bananeira, também conhecido como “coração” (a parte
vermelha na extremidade dos cachos de banana) é utilizado popularmente no
preparo de xarope e na alimentação em forma de refogados, farofas, tortas e
guisados (veja acima duas receitas feitas a partir da casca de banana e do
umbigo da bananeira).
A nutricionista da Emater-DF Danielle Amaral diz que as partes menos
conhecidas podem ser usadas no combate à fome e ao desperdício de alimentos.
“As cascas das diversas frutas apresentam em geral uma maior quantidade de
nutrientes quando comparadas as suas partes comestíveis. Os nutrientes
presentes na casca, muitas vezes, superam a respectiva polpa, a exemplo das
fibras, dos minerais, das vitaminas e dos compostos antioxidantes. Portanto,
devem ser consideradas como fonte alternativa de nutrientes, evitando o
desperdício de alimentos”, explica.
De acordo com ela, a casca e o umbigo de bananeira têm uma alta
quantidade de fibras em sua composição nutricional e o consumo dessas partes
aumenta o aporte de fibras na alimentação.
Pseudocaule
Pouca gente sabe que, da bananeira, além do cacho, podem ser extraídas
cinco fibras diferentes provenientes do tronco (pseudocaule), o que a
caracteriza como uma matéria-prima bastante versátil e que tem gerado renda e
qualidade de vida para mulheres rurais com a produção de artesanato. Selma Tavares
explica que, após a colheita do cacho de banana pode ser aproveitado de várias
formas. “Por ter fibras de variados tipos de maciez, são usados no artesanato
em forma de trançados, cestarias, bolsas, pufes, papel artesanal, tapete e
outros itens”, conta Selma.
No final de 2020, o grupo “Mulheres de Fibra”, do assentamento Pequeno
Willian (Planaltina), e mulheres rurais de São Sebastião participaram de um
curso de 105 horas organizado pela Emater-DF com o consultor contratado João de
Fibra, que ensinou como colher o pseudocaule, como retirar as fibras, como
identificar as diferentes formas de fibras, fazer tramas, tingir e confeccionar
peças usando também outros recursos naturais.
A produtora Adriana Fernandes, do assentamento Pequeno Willian, conta
que a capacitação foi fundamental para reorganizar o grupo de mulheres e
qualificá-las nas técnicas do artesanato com fibra. “Em decorrência desse
curso, tivemos produtoras que usaram o Pronaf para plantar mais bananeiras de
forma orgânica, visando também obter matéria-prima para o artesanato. Usar
produtos como a bananeira, que conseguimos aproveitar cem por cento, que não
demandam muito investimento e dão retorno financeiro, são importantes para
nós”, conta.
Já Alana Cutrim, de São Sebastião, conta que sempre gostou de artesanato
e trabalhos manuais. “Faço costuras criativa, pães, licores e geleias caseiras.
Já havia feito um curso de fibras de bananeira há um tempo e gostei muito,
porém esse veio com propostas novas e trouxe novas expectativas para nós
mulheres da área rural, de nos mostrar novos caminhos, novas possibilidades e
perspectivas de crescimento profissional e pessoal. Só tenho a agradecer a
Emater por ter nos proporcionado essa oportunidade”, diz Alana.
Além do curso, o João de Fibra vem feito o acompanhamento do trabalho
desenvolvido e a evolução das mulheres na confecção de peças. Entretanto, por
conta da pandemia, as visitas aos grupos estão suspensas temporariamente.
Além do artesanato, o tronco também pode ser cortado em pedaços pequenos
e deixado sobre o solo para decomposição e usado na adubação. Com a
decomposição natural do material orgânico, o solo ganha nutrientes,
beneficiando o cultivo de novas plantas.
Fonte: Emater-DF
Vanderlei Gontijo
COMENTÁRIOS DESABILITADO(1)
-
BRUNO MARIANO DA SILVA
Nossa gritante o quanto as bananas e bananeiras são de qualidade.Nota 10 pela matéria.
27/08/2021 12:54
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