Bebê retirado da barriga da mãe de forma cruel em João Pinheiro recebe alta médica
A recém-nascida estava internada no Hospital Regional em Patos de Minas
A recém-nascida
Isadora Cristina, que foi brutalmente retirada da barriga da mãe, no meio do
mato na cidade de João Pinheiro, recebeu alta médica na manhã deste sábado
(27/10) do Hospital São Lucas em Patos de Minas. A garotinha nasceu prematura e
foi transferida de unidade de saúde, logo após a suspeita de cometer o homicídio
contra a mãe da menina, procurar o hospital com a criancinha nos braços dizendo
que havia acabado de ter um parto de um bebê prematuro em domicílio.
O crime
ocorreu no dia 15 de outubro e deixou a população de João Pinheiro, cidade da
região Nordeste do estado de Minas, assim como o restante do país chocada,
pelos requintes de crueldades em que a grávida de 24 anos foi morta. O inquérito
sobrea morte da jovem gestante foi encerrado há poucos dias, sendo que a
acusada foi indiciada por vários crimes e deverá aguardar o julgamento presa. Enquanto
isso, a dor que tomou conta dos familiares da vítima continua.
A reportagem
do Portal de Notícias Patos1 conversou com Cristiano, que é irmão da vítima e que
já morou na cidade de Lagoa Formosa. Ele falou sobre o estado de saúde da
garotinha, que segundo ele está bem, e assim que saiu do hospital foi levada
para a casa do pai na cidade de João Pinheiro. Cristiano conta que para diminuir a dor de ter perdido a irmã
Mara Cristina Ribeiro, brutalmente assassinada, toda família busca forças e se
apega na esperança de ver a garotinha crescer com saúde.
INQUERITO
A Polícia Civil encerrou o inquérito do caso
da jovem grávida Mara Cristina Ribeiro, que foi morta e teve o bebê roubado, em
João Pinheiro, no Noroeste de Minas
De
acordo com o delegado Anderson Rosa, Angelina Ferreira Rodrigues, de 40 anos,
foi indiciada pelos crimes de dar parto alheio como próprio, por subtração de
incapaz e homicídio qualificado pelo motivo fútil, meio cruel, à traição e
mediante emboscada e ocultação de outro crime.
A
jovem estava grávida de oito meses e desapareceu na tarde no último dia 15,
mesmo dia em que Angelina foi até a Santa Casa de João Pinheiro com uma
recém-nascida e mentiu para os médicos dizendo que a filha era dela. A jovem
foi encontrada morta em uma reserva próxima à BR-040 no dia seguinte com um
corte na barriga.
O
delegado informou que o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público
(MP) e que a tipificação dos crimes é preliminar, podendo ser modificada em
sede judicial.
O
marido de Angelina, que também está preso preventivamente, não foi indiciado,
pois ficou indicado que ele não teria tido participação no crime. “Como não
houve indiciamento, provavelmente o marido deverá ser solto em breve. A decisão
é do MP e judiciário”, informou.
As
investigações apontaram também que não houve participação de terceira pessoa,
nesse primeiro momento. “Ela conseguiu amarrar a grávida porque a atraiu para
local ermo e em dado momento a atacou jogando álcool no rosto e passando o
arame no pescoço dela, pressionando até que desmaiasse. Angelina é maior e mais
forte que a Mara”
A
recém-nascida está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
São Lucas, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Angelina e o marido continuam
presos no presidio de João Pinheiro.
Causa da morte
Segundo o delegado Anderson Rosa, o Laudo do Instituto Médico Legal (IML)
apontou que a causa da morte de Mara foi “Anemia Hemorrágica Interna e
Externa”, o que indica que a vítima ainda estava viva quando da retirada da
criança do ventre. Ainda segundo o laudo, não houve asfixia como causa da morte
Crime
Segundo
o Boletim de Ocorrência, Angelina Ferreira chegou com o marido e a
recém-nascida na Santa Casa de João Pinheiro, na segunda-feira (15),
apresentando estar nervosa e alegando que havia acabado de dar à luz. Mas por
estar caminhando normalmente e se recusar a fazer exames clínicos os
funcionários desconfiaram e acionaram a PM.
No
hospital, os militares colheram informações de pessoas presentes e ao
conversarem com a mulher sobre o exame médico, ela acabou aceitando.
Entretanto, durante o procedimento confessou que a recém-nascida não era filha
dela, mas sim de uma outra pessoa, uma jovem de 23 anos que estava
desaparecida.
Ainda
no hospital, os militares foram informados que a garota desaparecida era amiga
da mulher e que estava morando na casa dela desde o último dia 13. Uma vizinha
também relatou à PM que Mara tem outra filha, uma menina de um ano, e que ambas
saíram juntas na tarde do dia 15.
Buscas
foram feitas pela polícia e moradores e o corpo foi encontrado no início da
tarde de terça (16). Ela estava em uma área de reserva próxima à BR-040.
Segundo informações da Polícia Civil, a vítima estava amarrada pelo pescoço com
um arame e tinha um corte na barriga, possivelmente feito para retirar o bebê.
Recém-nascida
Angelina relatou que horas antes ambas foram até um bairro da cidade, nesta
segunda-feira, e que encontraram uma outra mulher, ainda não foi identificada.
Ela contou ainda que ficou às margens da BR-040 enquanto a grávida e a mulher
saíram do local.
Cerca
de 25 minutos depois, apenas a pessoa apareceu com uma recém-nascida nos braços
e pediu para que a mulher a levasse para o hospital imediatamente. Angelina
ainda passou em casa, trocou de roupa que estava suja de sangue, e foi para o
hospital.
A
recém-nascida, que foi levada para o Hospital São Lucas, em Patos de Minas,
passou por exames e o quadro de saúde era estável. O G1 tentou contato com o
hospital nesta manhã, mas as ligações não foram atendidas.
Investigação
Em depoimento à Polícia Civil, a mulher confessou o crime e negou a
participação do marido e de uma terceira pessoa no caso, conforme ela havia
dito na primeira versão dos fatos. Contudo, segundo o delegado, pela forma como
a vítima foi morta existe a possibilidade de haver outros envolvidos.
“Ela
confessou que atraiu a jovem para as margens da BR-040 e lá a dopou com álcool,
enforcou ela com fio de metal, pendurou na árvore e abriu a barriga dela para
tirar o recém-nascido,” informou Carlos Henrique.
Ainda em depoimento, conforme o delegado, a autora disse que percebeu que a
jovem estava viva quando ela retirou a menina.
De
acordo com a Polícia Civil a mulher falava que estava grávida, o que não se
confirmou através dos exames que foram feitos nela. “Acreditamos que ela possa
ter premeditado este crime, agindo juntamente com o marido,” informou o
delegado.
Contato entre a jovem e a
suspeita
Euza
Ribeiro é tia da vítima e disse que o relacionamento entre Angelina Ferreira e
a sobrinha se intensificou quando Mara soube que estava grávida. “A mulher
sempre sonhou em ter uma menina e quando ela viu que minha sobrinha engravidou
ela começou oferecer ajuda. Emprestou dinheiro para fazer ultrassom e ontem
falou que iria comprar o enxoval para ajudar”, contou.
Matéria: Vanderlei Gontijo/Fonte sobre o inquérito G1