Campanha alerta para malefícios do cigarro eletrônico
Ação está voltada para jovens entre 18 e 24 anos de idade
No Dia
Nacional de Combate ao Fumo, comemorado nesta segunda-feira (29), a Fundação do Câncer e a
Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) lançaram a
campanha Cigarro eletrônico: parece inofensivo, mas não é,
destinada a toda a população, mas com foco especial nos jovens.
Em
entrevista à Agência Brasil, o cirurgião oncológico e diretor
executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, disse que o cigarro
eletrônico foi escolhido para tema da campanha deste ano porque embora sua
comercialização e propaganda estejam proibidas no país pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, sabe-se que o produto “está difundido
no meio dos jovens e é uma porta de entrada importante para o vício do tabaco”.
Segundo
Maltoni, os cigarros eletrônicos vêm disfarçados em uma série de formatos,
aromas e sabores, quando às vezes carregam até concentrações de nicotina muito
maiores do que o cigarro convencional. Por norma, o cigarro convencional pode
ter até um grama de nicotina, que é a substância que vicia, enquanto os
cigarros eletrônicos chegam a ter até 7 gramas por unidade, disse o médico.
Pesquisa
De acordo
com pesquisa recente do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para
Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), realizada pela
Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um em cada
cinco jovens no Brasil, na faixa de 18 a 24 anos de idade, usa o cigarro
eletrônico.
Maltoni
alerta que “20% é muito alarmante”.
Trata-se de
um dispositivo que está proibido no país, ressalta o médico. E, por isso, disse
que o foco da campanha é trabalhar com os jovens para sensibilizá-los que, de
fato, o cigarro eletrônico é uma enganação. “Ele não é inócuo, mas produz uma
série de doenças e agravos”, alerta.
Uma pesquisa
do Ministério da Saúde apontou que mais de 2 milhões de pessoas já usaram os
chamados dispositivos eletrônicos (DEFs) para fumar, sendo a maior prevalência
entre jovens na faixa etária de 18 e 24 anos. Além de chamar a atenção para o
perigo dos cigarros eletrônicos, a ação objetiva destacar que a venda desses
produtos é ilegal e estimular os cidadãos a denunciarem os pontos de venda
desses dispositivos, não só de venda física, como bancas de jornais e
tabacarias, como até pela internet.
A presidente
da Associação Nacional das Universidades Privadas (Anup), Elizabeth Guedes,
salientou que as faculdades, centros universitários e universidades de todo o
país “têm um papel social importante de esclarecimento e mobilização para que
os jovens não adquiram esse hábito que pode trazer inúmeras consequências para
a saúde”.
A Anup reúne
247 instituições particulares de ensino superior, atingindo 3 milhões de jovens
do país.
O material
da campanha pode ser baixado gratuitamente no site da Fundação do Câncer e
fica disponível para divulgação em redes sociais e para impressão
por todas as
universidades, sejam públicas ou particulares, ressaltou o diretor executivo da
Fundação do Câncer.
A
concessionária Ecoponte é também parceira da campanha e vai divulgá-la
nos displays de led na Ponte Rio-Niterói.
Doenças
O médico
esclareceu que o cigarro eletrônico produz grande volume de substâncias tóxicas
e cancerígenas que levam a doenças importantes, como cânceres de pulmão,
esôfago, boca, pâncreas, bexiga, entre outros; doenças cardiovasculares com
forte relação com tabaco, entre as quais infarto e derrame cerebral; e doenças
pulmonares, como enfisema.
“Essas são
um pouco da abrangência dos males dos produtos decorrentes tanto do cigarro
convencional, como do cigarro eletrônico, que vem travestido de aromas e
sabores e formatos, como pen drive, para enganar os jovens que pode
ser inócuo”, disse o cirurgião oncológico.
Maltoni
lembrou ainda que o cigarro eletrônico tem mostrado um comprometimento da saúde
de formas que não eram conhecidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi
registrada antes da pandemia da covid-19 uma síndrome denominada Evali pelo
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que identifica lesão pulmonar
associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping.
“É uma
inflamação aguda dos pulmões em jovens. Esses pacientes vão para CTIs e são
entubados. Há relatos de alguns jovens que são submetidos a transplante de
pulmão pela destruição dos pulmões por esse processo inflamatório agudo e tem
relação com o cigarro eletrônico”, disse.
Maltoni alerta
para as explosões que os cigarros eletrônicos proporcionam, devido a possuírem
bateria e líquidos inflamáveis, destruindo vasos da boca e dedos, além de
queimaduras graves em braços e pernas.
Os DEFs
contêm metal, plástico, baterias e circuitos. Além disso, os resíduos de
cigarros eletrônicos não são biodegradáveis e os cartuchos ou dispositivos
descartáveis geralmente se decompõem em microplásticos e produtos químicos que
poluem ainda mais os cursos d’água.
Fonte:
Agência Brasil