Cemig abre comportas do reservatório da Usina de Três Marias
Liberação será gradual até segunda-feira
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) abriu, nesta
sexta-feira (14), as comportas do reservatório da Usina Hidrelétrica de Três
Marias, na região central do estado.
Em nota, a empresa informou que a liberação da água do
reservatório será ampliada gradualmente, um pouco a cada dia, até a próxima
segunda-feira (17), quando a vazão total atingirá 2.850 metros cúbicos por
segundo (m³/segundo) de defluência – 2 mil m³/s d´água que passarão pelas
comportas, mais os 850 m³/s que passam, hoje, pelas máquinas de geração de
energia.
Costumeiro, o vertimento é uma precaução adotada de tempos em
tempos para evitar que o volume de água acumulado chegue perto à capacidade
limite de armazenamento do reservatório, o que poderia ocasionar transtornos
para as pessoas que moram às margens do Rio São Francisco e de seus afluentes.
De acordo com a Cemig, os patamares diários de vazão foram
ajustados com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e com o
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e não agravará a condição de rios da Bacia do Rio
São Francisco cujos níveis continuam sendo monitorados em função das fortes
chuvas do último mês.
“Considerando que o evento ocasionado pela formação de uma Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) neste início de janeiro já se encontra em
processo de enfraquecimento, espera-se que as vazões nos afluentes do Rio São
Francisco comecem a reduzir já a partir desta quinta-feira”, informou a
companhia, em nota.
“Considerando a tendência de redução das vazões no Rio São
Francisco no trecho entre a foz do Rio Abaeté e a cidade de Pirapora, será
possível iniciar a abertura de comportas a partir desta sexta-feira, sem o
agravamento da condição de cheia já vivenciada neste trecho”, acrescentou a
Cemig, indicando que o volume de água que chega à Usina de Três Marias deve
atingir, este mês, a maior marca da história do empreendimento já registrada
durante um mês de janeiro.
Bandeira Vermelha
Em função das chuvas, o governador Romeu Zema, enviou ao
Ministério de Minas e Energia, nesta quinta-feira (13), um ofício pedindo a
suspensão da cobrança da “Bandeira Vermelha de Escassez Hídrica” na conta de
luz da população mineira.
“Quando a economia mineira ainda tentava se recuperar dos nefastos
efeitos da pandemia de covid-19, agravada pela severa crise fiscal que se abate
sobre as finanças estaduais, fomos atingidos pela catástrofe causada pela chuva
desproporcional dos últimos dias. A solidariedade com os mineiros é
emergencial”, argumentou Zema.
“Temos milhares de pessoas desabrigadas e desalojadas nas regiões
atingidas pelas chuvas que perderam suas casas e pertences. O momento é muito
difícil”, acrescentou o governador.
Segundo a Defesa Civil estadual, entre 1º de outubro de 2021,
quando as primeiras chuvas da atual temporada começaram a atingir o estado, e a
manhã de hoje (14), 376 das 853 cidades mineiras decretaram situação de
emergência. Número que, faltando ainda mais de dois meses para o fim da atual
temporada de chuvas, já supera em mais de seis vezes o total (58) de municípios
que admitiram situação emergencial ou de calamidade pública na temporada de
chuvas de 2020/2021.
Além disso, as chuvas e suas consequências já causaram ao menos 25
mortes – sem contar as dez vítimas fatais do desprendimento de um
bloco de pedras que caiu sobre embarcações turísticas no Lago de Furnas, em
Capitólio. Até esta manha, a Defesa Civil já contabilizava 35.815 pessoas
desalojadas que tiveram que ser acolhidas na casa de parentes, amigos, vizinhos
ou em hospedagens particulares, e outras 4.464 que ficaram desabrigadas, tendo
que, em algum momento, ir para abrigos públicos.
Fonte: Agência Brasil / Foto de capa: Portal de Itacarambi