Detentas participam de projeto de remição pela leitura em Carmo do Paranaíba
A leitura virou paixão na ala feminina do complexo prisional
Inicialmente, o projeto “Ler Liberta”
atraiu o interesse das detentas do Complexo Penitenciário Nossa Senhora do
Carmo, em Carmo do Paranaíba, Região do Alto Paranaíba, pela possibilidade de
remição de pena. Hoje, após quase dois meses de leituras e resenhas, virou uma
paixão na ala feminina da unidade prisional.
“Elas sentem um desejo enorme de
aprender e fazer descobertas. Em pouco tempo, a ansiedade pela redução da pena
transformou-se em algo muito além, uma ânsia por descobrir o mundo”, conta a
pedagoga Tânia Maria da Rocha Castro, uma das responsáveis pela implantação do
projeto para as detentas do Complexo Penitenciário.
A pedagoga explica que o apoio do
Ministério Público Estadual é de extrema importância para o início das
atividades.
“Graças aos membros do MP, recebemos
doações de livros da comunidade, divulgação do projeto e temos o acompanhamento
das atividades”. Ela destaca, principalmente, a
atuação da Vara de Execução Criminal da Comarca, pois somente o juiz pode
autorizar a remição, que são quatro dias a menos para cada resenha feita sobre
o livro escolhido pela detenta.
Foram arrecadados cerca de 500 livros
de literatura, autoajuda e outros gêneros. Os volumes encontram-se no
Ministério Público, e estão à disposição das leitoras do projeto. O
diretor-geral do complexo penitenciário de Carmo do Paranaíba, Rodrigo Lucas de
Borba, considera o Projeto “Ler Liberta” uma oportunidade importante no
processo de ressocialização. “Somado aos benefícios das leituras, contamos
também com a ajuda da comunidade, do Ministério Público e do Judiciário”,
reforça Borba.
Funcionamento
Além da obrigatoriedade de redigir
uma resenha, com no mínimo 60% de aproveitamento, as detentas precisam
participar de conversas com voluntários do projeto, professores da rede pública
e servidores da penitenciária, para trocar ideias sobre as leituras e receberem
orientações para a produção do trabalho. Essas atividades acontecem em uma sala
multiuso, construída com verbas doadas pelo Poder Judiciário.
Laila Talita Teixeira Martins, 32
anos, é uma das 18 presas integrantes do projeto, e está perto de concluir a
leitura do segundo livro, “Garra de Campeão”, de Marcus Rey. A obra tem
inspirado a detenta a sonhar e lutar pelos sonhos. “O personagem principal do
livro fez isto e também quero. Obtive sucesso no Encceja e agora vou me
preparar para o Enem, pois vou estudar Direito”, revela.
Fonte: Agência Minas