Dia dos Queijos Artesanais de Minas Gerais será comemorado no próximo domingo
Com enorme variedades, o queijo artesanal mineiro é produzido por cerca de 30 mil produtores e é celebrado no dia 16 de maio
Um dos
produtos agropecuários mais característicos do estado, seja pelo seu valor
econômico, social, alimentar, histórico, cultural e tradicional, o queijo
artesanal mineiro tem, merecidamente, uma data pra chamar de sua. É o Dia dos Queijos
Artesanais de Minas Gerais, que é comemorado em 16 de maio. A data foi
instituída há quatro anos pela Lei Estadual 22.506/2017. A legislação foi um
ato de reconhecimento da importância desses tipos de queijos feitos de leite
cru, que não passou por processo de pasteurização. As receitas variadas seguem
tradições históricas passadas de geração a geração de produtores.
O dia e o mês escolhidos para homenagear
os queijos artesanais mineiros remetem ao registro, em 2008, do Modo Artesanal
de Fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do
Salitre ou Alto Paranaíba. Naquele ano, o jeito de produzir a iguaria foi
lançado na categoria Saberes, pelo Conselho Consultivo do Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tendo sido o quarto bem
registrado no Livro de Registro dos Saberes. Um dos queijos artesanais feitos
no estado, o Queijo Minas Artesanal (QMA), é reconhecido também como Patrimônio
Cultural Imaterial Brasileiro pelo Iphan.
Estimativas da Emater-MG, vinculada à
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), apontam
que a produção de queijos artesanais gera renda e ocupação para cerca de 30 mil
famílias de todas as regiões do estado. Juntas elas produzem cerca de 85 mil
toneladas do produto ao ano. Também mostram que, somente o QMA, primeiro queijo
artesanal mineiro a ser regulamentado pela Lei Estadual 14.185/2002, é a fonte
de renda de aproximadamente 9 mil famílias.
Queijo Minas Artesanal (QMA)
O Queijo Minas Artesanal (QMA) é um das
muitas variedades de queijo artesanal produzido em Minas Gerais. Como outros
tipos artesanais ele é feito de leite de vaca cru, sem pasteurização e costuma
seguir processos tradicionais de confecção, em pequenas propriedades. “Foi o
primeiro queijo a ser caracterizado no estado. O leite cru tem de ser produzido
exclusivamente, na propriedade produtora. Utiliza pingo, coalho, salga a seco e
passa por processo de maturação, adquirindo uma casca lisa e amarelada”,
explica a coordenadora técnica estadual da Emater-MG Maria Edinice Soares.
Estudos apontam que produtores de QMA
produzem 50 mil
toneladas por ano. “A média é de 15,3 quilos
por produtor ao dia. O número nos mostra que a grande maioria dos produtores é
da agricultura familiar e que eles geram cerca R$ 1,1 milhão por ano (preços
pagos aos produtores)”, informa o também coordenador técnico estadual da
Emater-MG, o engenheiro agrônomo Milton Nunes.
O QMA pode ser produzido legalmente em
todo o estado de Minas Gerais, mas somente os produzidos nas oito microrregiões
caracterizadas (Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serras da
Ibitipoca, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro) são autorizados a
usarem a nomenclatura na embalagem.
“Só pode explorar no rótulo Queijo da
Canastra, Queijo do Serro, Queijo de Araxá, quem está dentro dessas
microrregiões. Uma pessoa de fora pode produzir, mas não explorar o nome de
nenhuma microrregião”, explica o gerente de Inspeção de Produto de Origem
Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), André Duch.
Tipos artesanais
Além das oito microrregiões produtoras do
Queijo Minas Artesanal, Minas tem mais outras seis regiões caracterizadas ou
seja, passaram por estudo que identificou e definiu o tipo de queijo. Essas
regiões produzem os seguintes queijos artesanais: Cabacinha, Serra Geral, Vale
do Suaçuí, Alagoa, Mantiqueira de Minas e Requeijão Moreno. Hoje já se
sabe que cada um deles tem características, como o sabor, por exemplo, que
sofre a influência do clima e pastagem predominantes. A origem e manejo do
rebanho e até o perfil do produtor também são determinantes no tipo de queijo
da cada lugar.
O queijo artesanal Cabacinha é produzido
na região do Vale do Jequitinhonha. É feito de leite cru de vaca, mas a massa é
aquecida, sem chegar a pasteurizar. Recebe soro fermento, retirado no final da
mexedura da massa e reservado em temperatura ambiente para ser usado no dia
seguinte na fabricação do queijo. É moldado manualmente em forma de cabacinha.
Já o queijo artesanal da Serra Geral,
produzido em 17 municípios da região Norte de Minas Gerais, não tem um processo
definido quanto a forma de fazer, segundo a coordenadora Maria Edinice. ”Ainda
está em fase de estudo, mas é feito de leite cru e coalho, sendo comercializado
fresco”, diz.
Por outro lado, os artesanais queijo do
Vale do Suaçuí, queijo de Alagoa e queijo da Mantiqueira de Minas têm praticamente
o mesmo modo de fazer com pequenas diferenças: leite cru de vaca, soro fermento
e coalho. A massa passa por um processo de cozimento, enformagem e salga
salmoura.
Emater-MG
A Emater-MG trabalha em parceria com o
órgão estadual de inspeção sanitária, o Instituto Mineiro de Agropecuária
(IMA), que registra as queijarias do estado. O registro legaliza a situação dos
estabelecimentos para que possam comercializar seus produtos, com segurança
para o consumidor, em Minas Gerais e outros estados do país. Sendo que, para
vender fora das divisas mineiras, além do registro, o produtor precisa
solicitar também o Selo Arte.
“O primeiro passo pra quem deseja
legalizar o queijo que produz é procurar o escritório da Emater-MG, que o
extensionista irá orientar nesse processo. O nosso papel é apoiar o produtor na
organização dos documentos exigidos pelo IMA”, explica Milton Nunes.
De acordo com a coordenadora Maria
Edinice, entre os documentos que o produtor tem de entregar ao IMA, estão um
memorial socioeconômico, descrevendo toda a estrutura de queijaria e de curral,
programas operacionais de higiene e sanitização e comprovante de sanidade do
rebanho, entre outros. ““Hoje o IMA não trabalha mais com a figura do cadastro.
Agora é registro. Você registrando sua queijaria no IMA, você pode pedir o Selo
Arte”, instrui.
Sobre o Selo Arte, Edinice esclarece
também que é uma garantia a mais para o consumidor e uma forma de ampliar o
alcance da comercialização para o fabricante. “Ele veio para falar
ao consumidor que aquele queijo é artesanal e segue parâmetros de legislação de
boas práticas agropecuárias e boas práticas de fabricação. E com isso, o
produtor pode colocar seu produto em qualquer gôndola, dentro e fora do
estado de Minas Gerais”, justifica.
Sabores e histórias
Na última quinta-feira (13/5), a Emater-MG
promoveu o webinar Sabores e Histórias dos Queijos Artesanais de Minas Gerais,
com o jornalista gastronômico Eduardo Tristão Girão. O programa está disponível
no canal do Youtube da Emater-MG, no link https://bityli.com/p975E.
Fonte: Assessoria de Comunicação –
Emater-MG