Em 2021, mais de 450 pessoas foram resgatadas do trabalho análogo ao de escravo no estado de Minas Gerais
28 de janeiro: Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
Nesta sexta-feira, 28, Dia Nacional de Combate ao Trabalho
Escravo, as instituições voltadas para a proteção do trabalhador destacam a
emergência da erradicação dessa forma de exploração. Em Minas Gerais, ao longo
de 2021, mais de 450 trabalhadores foram resgatados nas operações de
fiscalização em que o Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve presente.
Lavouras de café, milho, alho, produção de carvão são alguns dos setores
econômicos que ainda perpetuam essa forma de exploração. A exploração de idosos
esteve entre os flagrantes das operações ao longo do ano.
No Brasil
inteiro, o MPT instaurou, ao longo de 2021, 2.810 inquéritos, ajuizou 459 ações
civis públicas (ACP) e firmou 1.164 termos de ajustamento de conduta(TAC). Em
Minas Gerais, foram instaurados 173 procedimentos investigatórios sobre o tema
e firmados 56 TACs.
Condição
degradante, servidão por dívida, jornada exaustiva e trabalho forçado são as
quatro condições que, juntas ou isoladas, caracterizam o trabalho análogo ao de
escravo, conforme prescreve o art. 149 do Código Penal Brasileiro. "A condição
degradante e a jornada exaustiva são as que mais frequentemente encontramos
quando vamos a campo, no entanto, infelizmente, ainda são localizados casos de
servidão por dívida e trabalho forçado", explica o representante da
Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo em Minas Gerais,
procurador do Trabalho Mateus Biondi.
O ano começou
com 140 trabalhadores encontrados em condições análogas à de escravos no
Brasil, 29 deles em Minas, inclusive um com idade inferior a 18 anos. Durante a
operação denominada "Resgate", mais de 360 autos de infração foram
lavrados e mais R$ 500 mil foram pagos em verbas rescisórias aos trabalhadores.
Como um
desdobramento da Operação Resgate, o proprietário de uma cerâmica em Inhaúma,
flagrado submetendo 11 trabalhadores a condições inadequadas de saúde e
segurança no meio ambiente de trabalho, formalizou um termo de ajustamento de
conduta (TAC) junto ao MPTMG, se comprometendo a pôr fim à prática de
exploração, sob pena de multas por empregado explorado, além de pagar uma
reparação de R$ 12 mil pelo dano moral coletivo causado.
Em junho, uma
lavoura de milho localizada em Paracatu foi palco para uma fiscalização
realizada em conjunto pelo MPTMG, Auditoria Fiscal do Trabalho e Polícia
Rodoviária Federal (PRF) que resultou não só no resgate dos 84 trabalhadores
abrigados em alojamentos improvisados e sem condições sanitárias, como também
na quitação de acertos rescisórios, no pagamento de dano moral e na interdição
do local. À época, os auditores fiscais e o Procurador do Trabalho relataram
que os trabalhadores, aliciados na cidade de Porteirinha, região Norte de Minas
Gerais e no estado do Maranhão, não tinham acesso a local para refeições e
faziam as necessidades fisiológicas no mato por falta de sanitários.
No mesmo mês,
desta vez em uma fazenda localizada na cidade de Rio Vermelho, outra
força-tarefa integrada pelo MPTMG resgatou quatro trabalhadores em rurais
condições análogas às de escravo. Entre os resgatados, estavam uma idosa de 83 anos, que
trabalhou na propriedade por mais de 60 anos sem remuneração e nenhum outro
direito trabalhista e um trabalhador rural, de 49 anos, que prestava serviços
no local há mais de 30 anos, nas mesmas condições.
Por mais de uma
vez, carvoarias e lavouras de café em diferentes pontos do estado foram
flagradas submetendo pessoas a trabalho análogo ao de escravo. Durante operação
realizada em julho nas cidades de Boa Esperança e Ilicínea, por exemplo,
equipes do MPT, da Auditoria Fiscal de Trabalho (AFT) e da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) resgataram 63 empregados.
O maior grupo de
pessoas submetidas à condições análogas à escravidão foi encontrado em João
Pinheiro e Coromandel, municípios da região do Triângulo Mineiro / Alto
Paranaíba: 130 trabalhadores, sendo 116 na produção de alho e 14 em duas
carvoarias.
Em todas as
operações foram flagradas múltiplas violações da legislação trabalhista e das
normas regulamentadoras. "Além de degradância, ausência de contratos
formais de trabalho, casos de aliciamento, encontramos situações em que o
trabalhador estava pagando pelo instrumento de trabalho, como por exemplo, a
tesoura importada usada para colher o alho e os equipamentos de proteção
individual, como botas, óculos e vestimentas", relata o procurador
Fabrício Borela Pena.
As operações de
combate ao trabalho análogo ao de escravo são conduzidas pela Auditoria Fiscal
do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Advocacia Geral da União
(AGU) e as Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF).
Fonte: ASCOM Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais