Enfermeiros falam sobre amor à profissão
Na Semana da Enfermagem, profissionais detalham atuação em profissão pautada pelo cuidado com o outro
Na Semana da Enfermagem, comemorada de 12 a 20 de maio, profissionais
descrevem a rotina nos hospitais, que vai além de acompanhar de perto as
necessidades imediatas do paciente e atuar como elo entre ele e o restante da
equipe multiprofissional de uma unidade de saúde.
Essenciais nesse momento de pandemia, os trabalhadores de Enfermagem
viram sua rotina se transformar no início do ano passado, com a chegada dos
primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus nas unidades da Fhemig. O Hospital Eduardo
de Menezes (HEM) – referência estadual no atendimento à covid-19 – dedica,
desde março de 2020, 100% de leitos de Enfermaria e de Terapia intensiva para o
atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação da doença.
“A pandemia mudou demais nosso dia a dia no trabalho, tivemos que nos
adaptar, nos organizar e nos reinventar, todos os dias. Uma doença muito nova e
que, no início, sabíamos pouco a respeito. O medo era real, tanto de se
contaminar, quanto de levar a doença para nossa família. Lembro como foi
assustador quando recebemos o primeiro caso”, conta a enfermeira do CTI Adulto
do HEM, Adileia Pereira de Jesus Cardoso. Didi, como é carinhosamente conhecida
na unidade, foi a primeira enfermeira a receber a vacina contra a covid-19 em
Minas Gerais.
“Foi muito emocionante ter sido uma das primeiras pessoas no Brasil a
ser vacinada e também representar toda uma categoria profissional. Um
privilégio e um reconhecimento do meu trabalho. Sinto muita gratidão”, diz
Adileia, que também reforça a importância de valorizar esses trabalhadores da
linha de frente contra a covid-19. “Hoje, o mundo inteiro nos vê. Somos
apontados como heróis. E eu vejo mesmo em cada rosto cansado a face de um
super-herói. Aos meus colegas da Enfermagem, que se desdobram todos os dias,
que saem de um hospital para outro, que se dedicam na luta pela vida, o meu
‘muito obrigada’. Vocês têm todo meu respeito e carinho”, declara.
Relevância
“Estes trabalhadores possuem um relevante papel na Rede Fhemig, pois
atuam nos mais variados pontos de atenção à saúde, como atendimento
ambulatorial, domiciliar, unidades cirúrgicas, internação, terapia intensiva,
cuidados intermediários, emergência, apoio diagnóstico e terapêutico, saúde do
trabalhador, controle de infecção, educação continuada, entre tantos outros da
mesma importância”, lista a coordenadora de Enfermagem e Equipe
Multidisciplinar da Diretoria Assistencial (Dirass) da Fhemig, Aline Cândido de
Almeida Pinto Mendes.
A enfermeira do Centro Psíquico da Infância e da Adolescência (Cepai),
Mércia Cristina Alves Moreira dos Santos, já teve experiência em algumas dessas
frentes de atuação e, atualmente, ocupa o cargo de coordenadora de Enfermagem.
“Trabalhar com saúde é um grande prazer, uma satisfação que não consigo colocar
em palavras. É ter a capacidade de ajudar alguém em um momento de muita
fragilidade. Mas também é um desafio diário, pois a rotina da enfermagem no
serviço público é muito dinâmica."
Para ela, o sucesso do atendimento depende de uma corrente cheia de
elos, que se complementam. "Mesmo com limitações de diversas naturezas,
percebo que temos profissionais extremamente dedicados e qualificados, buscando
sempre oferecer a melhor assistência”, destaca.
Em quase dez anos como enfermeira, a servidora ressalta que são muitos
os momentos marcantes no trabalho, mas destaca a saúde mental como maior
desafio. "O conceito de redução de danos, por exemplo, é algo recente na
minha trajetória profissional. Diariamente, me deparo com realidades que
julgava nem existirem e isso faz com que o atendimento seja sempre desafiador.
Cada caso exige um olhar diferente para que seja possível alinhar a melhor
conduta”, explica.
Criatividade
A técnica de Enfermagem da Maternidade do Hospital Júlia Kubitschek
(HJK) Vânia Cristina dos Santos vê em seu trabalho uma possibilidade de
promover o cuidado de maneira afetiva, humanizada e acolhedora. Na Fhemig desde
2011, tornou-se especialista em Terapia Intensiva – área pela qual tem um
carinho especial. “Ao contrário do que muita gente imagina, as UTIs não são um
lugar em que o paciente entra para morrer. O tratamento completo, os recursos
tecnológicos e a equipe multiprofissional qualificada, que presta assistência
por 24h, representam, sem dúvida, a possibilidade de cura para enfermos muito
graves”, enfatiza.
Lidando diariamente com gestantes, bebês e puérperas, Vânia teve uma
iniciativa que chama a atenção. Ela confecciona, por conta própria, óculos com
temas infantis para proteger os olhos dos recém-nascidos que precisam da
fototerapia – modalidade terapêutica mais utilizada para tratamento da
icterícia neonatal. “Resolvi fazer os óculos artesanais porque sempre gostei de
trabalhos manuais e vi neles um jeito diferente para as mães enfrentarem esse
tratamento. Com doses de luz e um pouquinho de criatividade, conseguimos tornar
menos árduo esse processo”, afirma.
Vânia acredita que o trabalho com Enfermagem é também uma forma de levar
conforto, carinho e esperança a muitas pessoas. “Ao escolhermos essa profissão,
assumimos o compromisso de sermos agentes de mudança na vida dos nossos
pacientes, de percebermos suas dores, limitações e sofrimentos diante da
doença. Temos a responsabilidade de ter práticas seguras, respeitando o pluralismo
e a diversidade de etnias, religiões e ideologias, jamais julgando ou excluindo
alguém dos nossos cuidados”, conclui.
Dedicação
A auxiliar de Enfermagem da Maternidade Odete Valadares (MOV), Aldanete
da Rocha Santos, de 74 anos, aposentou-se recentemente, após 46 anos dedicados
à profissão, sendo 31 deles na Fhemig. Na MOV desde 1994, atuou na admissão, no
ambulatório e na Unidade Clínica Cirúrgica (UCC). “Trabalhar na Enfermagem é um
dom que, ao longo da vida, você vai aperfeiçoando. Eu adoro lidar com o
paciente”.
Devido à pandemia, Aldanete foi afastada do atendimento, por causa da
idade, que a coloca no grupo de risco para a covid-19. “O ano de 2020 foi muito
difícil para mim. Nesse meio tempo, meu marido teve a doença, perdi colegas,
fiquei muito abalada, mas consegui levar”, conta.
“A mensagem que deixo para meus colegas que ainda atuam na Enfermagem e,
principalmente, na linha de frente contra a covid-19, é que mantenham os
protocolos de segurança e façam seu trabalho com maestria. Todas as noites,
peço em oração pelos que estão nos hospitais: que as medicações façam efeito e
que os doentes tenham uma noite tranquila, porque se o paciente está tranquilo,
a Enfermagem também está. Tenho muita fé de que as coisas, daqui pra frente, só
vão serenar”, enfatiza Aldanete.
Agenda
A Fhemig promove agenda especial para macar a II Semana da Enfermagem, de 17 a
21 de maio, com série de palestras on-line. Entre os temas desafios no
enfrentamento à covid-19, classificação de risco, cuidados paliativos, saúde mental
e pediatria. Os conteúdos estarão disponíveis para acesso no YouTube e a
participação nas atividades poderá ser utilizada para comprovação de carga
horária destinada à capacitação.
Fonte: Agência Minas