Fazenda Experimental Sertãozinho - MPF obtém decisão que obriga recuperação do conjunto arquitetônico da construção
A decisão obriga a Embrapa e a Epamig a apresentarem, em até 60 dias, um plano de atuação com as medidas que serão tomadas para recuperação, restauração e preservação integrais de todo o conjunto arquitetônico da fazenda
O Ministério Público Federal (MPF), obteve uma
tutela de urgência contra a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), para
que os órgãos apresentem um plano para restaurar e preservar a Fazenda
Experimental de Sertãozinho. Localizado no município de Patos de Minas, em
Minas Gerais, o conjunto arquitetônico é considerado patrimônio histórico e
cultural da cidade, tendo sido tombado por decreto municipal em 2002.
A decisão obriga a Embrapa e a Epamig a
apresentarem, em até 60 dias, um plano de atuação com as medidas que serão
tomadas para recuperação, restauração e preservação integrais de todo o
conjunto arquitetônico da fazenda. O plano deverá ser acompanhado de um
cronograma das etapas a serem seguidas, incluindo data para início das obras,
sobretudo as emergenciais, no prazo máximo de 180 dias corridos.
Laudos apresentados pela Prefeitura de Patos de
Minas e pela perícia do MPF apontam que toda a estrutura, de grau valor
cultural para o município, está em estágio avançado de deterioração, em razão
da omissão dos órgãos competentes.
Por isso, na liminar ficou estabelecida a multa diária de R$1 mil em caso de
descumprimento da decisão.
Acerca do pedido do MPF, o juiz federal da 1ª Vara
Federal de Patos de Minas ainda concluiu que, “não há dúvida urgência
da tutela pretendida pelo MPF, sobretudo, no que tange à recuperação das
unidades em risco que comp complexo, e a adoção de providências quanto à
manutenção constante de toda a área tombada”.
Histórico – A ação do MPF é
resultado de investigação que teve início em 2010, na 3ª Promotoria de Justiça
da Comarca de Patos de Minas, a partir de uma denúncia formulada pelo Conselho
de Patrimônio Histórico e Cultural do município sobre danos causados à Fazenda
Experimental Sertãozinho. O órgão municipal apontou que a Epamig havia sido
notificada, após o corte de uma árvore localizada nas proximidades do imóvel
destruir parcialmente uma das casas que formam o conjunto arquitetônico.
Segundo a Epamig, durante a retirada da árvore – tomada por cupins e, por isso,
com risco de queda – um cabo de aço se rompeu, levando à queda de um galho
sobre a estrutura.
Desde então, foram realizadas vistorias e
produzidos laudos técnicos sobre o conjunto paisagístico e arquitetônico da
fazenda, demonstrando a situação crítica em que se encontravam os imóveis e
sugerindo uma série de providências que foram adotadas pelas autarquias
responsáveis. Em 2010, a Epamig chegou a recomendar à Embrapa a demolição do
tombado, alegando não possuir recursos financeiros para realizar reformas na
estrutura, orçadas na época em R$ 35,2 mil .
Para o MPF, a sugestão de demolição de parte das
edificações da fazenda, devido à má conservação, revela o entendimento estreito
por parte das autarquias responsáveis pelo local. A proposta da supressão da
edificação, portanto, mutilaria mais do que um exemplar, mas todo o conjunto
arquitetônico que se viu necessário salvaguardar, pontuou a perícia do MPF.
Fonte: MPF