Geadas que atingiram plantações de café faz preço do produto disparar
Na última semana, o valor da saca de 60 kg do café arábica subiu 15% e chegou a custar R$ 1.028,35, alta de R$ 162,00 entre segunda-feira (19) e sexta-feira (23). Nesta segunda-feira (26), a saca de 60 kg vale R$ 1.008,00.
As geadas que assolam os estados do
Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país atingiram plantações importantes para
a produção nacional de café em São Paulo, Paraná e no sul de Minas Gerais, e a
estimativa é de grandes perdas nas lavouras e preços ‘amargos’ no mercado
interno. No Alto Paranaíba, os municípios de Lagoa Formosa, Carmo do Paranaíba, Patos de Minas, Rio Paranaíba e Patrocínio são algumas das regiões atingidas.
Na última semana, o valor da saca de 60
kg do café arábica subiu 15% e chegou a custar R$ 1.028,35, alta de R$ 162,00
entre segunda-feira (19) e sexta-feira (23). O café robusta teve valor 5% mais
alto e a saca custou R$ 565,84 na manhã do dia 23 no indicador Cepea.
“O mercado tem respondido ao impacto do clima
frio. Os produtores ainda não avaliaram os reais impactos nas lavouras
atingidas, mas o mercado já está respondendo com preocupação pela produção da
próxima temporada”, explica Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea.
Ainda não é possível ter estimativa total dos prejuízos da geada nas lavouras
de café, até porque, as frentes frias não cessaram e há previsão de novas
geadas nas regiões cafeeiras nesta semana, como prevê o Inmet.
No entanto, as primeiras análises
feitas por produtores, exportadores e especialistas, afirmam que os transtornos
podem afetar as colheitas nas lavouras de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do
Sul e São Paulo, e os maiores prejudicados podem ser os médios e pequenos
produtores.
“Quem conseguir segurar o café para
vender mais para frente seria uma grande vantagem. O pequeno produtor não
consegue segurar o café porque tem de vender para pagar as contas”, lembra
Robert Santos, classificador de café da fazenda Zancanaro.
Os alertas de geadas estão diminuindo
nos estados do Sudeste, mas ainda existem para a região dos municípios de Ponta
Grossa e Irati, no Paraná. Os municípios de Caxias do Sul e Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, também estão na rota das geadas. As temperaturas mínimas podem
variar entre zero e 12°C, na região Sul do país, e entre 9°C e 21°C na região
Sudeste.
Seca
As plantações de café estão sofrendo
fortemente com as ações climáticas desde o fim de 2020, quando uma intensa seca
predominou nas regiões produtoras dificultando o desenvolvimento das plantas e,
por consequência, abaixando a expectativa de produção da safra 2021/2022.
O produtor Ângelo Uliana conta que
cerca de 70% da lavoura de café na região de Brejetuba, no Espírito Santo, segundo
maior estado produtor do país, foi afetada pela seca e a expectativa de
colheita não é boa.
“Tivemos um período de estiagem
prolongado durante a florada e a colheita dos frutos que afetou a produção. A
queda de produção de café no nosso município foi de 70%, aproximadamente”,
disse Ângelo Uliana.
Exportações
Ao contrário das incertezas sobre a
produção futura de café no país, a venda do fruto colhido na temporada 2020/21
tem alcançado resultados recordes no mercado internacional.
Em junho, o café brasileiro faturou
mais de US$ 423 milhões com a negociação de 3 milhões de sacas que contribuíram
para a venda total na temporada de 45.6 milhões de sacas. De acordo com dados
do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, o número é 13% maior em comparação a
venda de café no exterior durante a temporada 2019/2020.
“Isso foi o café colhido em 2020. Nós
estamos colhendo a safra 2021 e esse café sofreu com o clima e é bem provável
que a próxima temporada exportação seja menor”, avalia Ricardo Garcia Ribeiro,
do Cepea.
Com informações de Brasil 61