Governo reduz a zero as tarifas de importação de alimentos da cesta básica; medida busca reduzir o impacto da inflação no país
Medida aprovada pelo Gecex inclui carnes bovina e de frango, milho, trigo e itens de padaria, entre outros; também foram reduzidas as alíquotas de vergalhões de aço, ácido sulfúrico e um tipo de fungicida
O governo
federal zerou a alíquota de importação de produtos da cesta básica, para tentar
reduzir o impacto da inflação no país. Foram reduzidas a zero (0%) as alíquotas
de importação sobre carnes de boi desossadas; carne de frango, pedaços e
miúdos, congelados; além de trigo, farinha de trigo e milho em grão. Também
estão na lista bolachas e biscoitos, produtos de padaria, pastelaria e
indústria de biscoitos. As alíquotas antes estavam entre 7,2% e 16,2%. A medida
vale até 31 de dezembro de 2022.
O Comitê-Executivo
de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) aprovou, na última
quarta-feira (11), a redução do imposto de importação de alguns produtos de
alimentação e vergalhões de aço, além do ácido sulfúrico - produto que é
utilizado em alguns fertilizantes. A alteração se deu via inclusão na Lista de
Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec).
Os itens
que compõem a lista são os que possuem maiores impactos sobre a cesta de
consumo das camadas mais pobres da população. Em entrevista coletiva, o
secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, comentou a
importância da medida para a redução dos preços dos alimentos da cesta
básica.
“A
inflação tem um poder nocivo para a população de diminuição da capacidade de
consumo. Dentro da Camex não conseguimos fazer a diminuição de todos os
produtos, mas alguns produtos específicos que têm impacto grande na população
temos buscado fazer reduções grandes de alíquota”, informa.
Para o
motorista de aplicativo Roberto Mirandas, a redução das alíquotas é benéfica e
vem em boa hora, em um momento em que cada centavo de economia tem seu valor na
hora de fazer compras no supermercado. “No meu ponto de vista, sobre essa
possível baixa do preço da cesta básica, é uma grande vantagem para as pessoas
de baixa renda ou de classe média, principalmente a carne, que está bastante
cara”, comenta.
O
professor de economia do Ibmec Brasília, William Baghdassarian, afirma que a
redução da alíquota pode ter um impacto de redução de preços, mas talvez não na
medida em que o governo espera. “A gente deve ter uma redução em algum grau,
mas ela não vai ser tão grande como o governo acha que vai ser. O fato do
governo reduzir o imposto de importação mostra para as empresas que ele não
está disposto a sancionar esses preços elevados que estão sendo cobrados no
mercado doméstico”, analisa.
Preço das cestas básicas no Brasil
No último
mês de abril, o valor das cestas básicas subiu em todas as 17 capitais do
Brasil em que o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) realiza a Pesquisa Nacional de Cesta Básica de
Alimentos. As maiores altas foram registradas nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Campo Grande (6,42%), Porto Alegre (6,34%) e Florianópolis (5,71%) foram as
capitais com as maiores variações de preço. Em contrapartida, João Pessoa
registrou a menor variação, com pouco mais de 1% de alta.
Apesar
das maiores variações terem sido registradas no Sul e no Centro-Oeste, São
Paulo foi onde a cesta básica teve o maior custo registrado (R$ 803,99),
seguida por Florianópolis (R$ 788,00) e Porto Alegre (R$ 780,86). Nas cidades
do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta básica é diferente das demais
partes do país, os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 551,47) e
João Pessoa (R$ 573,70).
Fertilizantes
e fungicidas
O Gecex
decidiu também zerar a alíquota do ácido sulfúrico, que era de 3,6%, além de
baixar para 4% a taxa de importação do fungicida Mancozeb, que estava fixada em
12,6%. O ácido sulfúrico é o principal reagente utilizado na manufatura de
dióxido de titânio e é utilizado em diversos processos industriais, inclusive,
na fabricação de fertilizantes essenciais para a produção agrícola.
O
Mancozeb é um fungicida usado como defensivo agrícola nas plantações de arroz,
feijão, batata, alface, soja, milho e tomate. A produção nacional simboliza,
aproximadamente, 31% do consumo do país e a redução da alíquota do insumo de
12,6% para 4% deve auxiliar no combate à alta dos preços dos alimentos no
Brasil.
Fonte: Brasil 61