Justiça autoriza recontratação de cubanos do Mais Médicos
No fim de 2018, o governo cubano determinou o retorno dos profissionais após desacordo com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Justiça Federal decidiu autorizar a recontratação de médicos
cubanos que atuaram no programa Mais Médicos.
A decisão foi assinada na
sexta-feira (27) pelo desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região (TRF1), sediado em Brasília, e atendeu ao pedido
de reintegração dos profissionais feito pela associação que representa 1,7 mil
intercambistas cubanos que ficaram no Brasil.
A entidade argumentou que
médicos que chegaram ao país para trabalhar no programa Mais Médicos, criado em
2013 pela então presidenta Dilma Rousseff, não tiveram o vínculo renovado
durante o programa Médicos pelo Brasil, criado no governo Jair Bolsonaro.
Segundo a Associação Nacional
dos Profissionais Médicos Formados em Instituições de Educação Superior
Estrangeiras (Aspromed), os profissionais cubanos selecionados no 20º ciclo do
programa tinham contrato de dois anos de forma improrrogável, enquanto o edital
para os demais intercambistas previa três anos de trabalho, que poderiam ser
renováveis.
Ao analisar os argumentos, o
desembargador destacou a importância do programa para o atendimento da
população que vive em municípios carentes e para auxiliar na crime humanitária
envolvendo os indígenas yanomami.
“O programa permite
implementar ações de saúde pública de combate à crise sanitária que se firmou
na região do povo indígena yanomami. Há estado de emergência de saúde pública
declarado, decretado por intermédio do Ministério da Saúde”, afirmou o
magistrado.
Segundo o desembargador, a
decisão também envolve questões humanitárias dos médicos cubanos que ficaram no
Brasil.
“Mostra-se evidente a quebra
de legítima expectativa desses médicos, que, em sua ampla maioria, já
constituíram famílias em solo brasileiro. Após contratações juridicamente
perfeitas de seus serviços por parte da União, que se prolongaram no tempo,
afigura-se verossímil imaginar que os médicos cubanos aqui representados
reprogramaram as suas vidas, segundo as expectativas formadas a partir dessas
contratações, e parece justo reconhecer que agora pretendem permanecer no
Brasil”, concluiu.
No fim de 2018, o
governo cubano determinou o retorno dos profissionais após desacordo com
declarações do então presidente eleito Jair Bolsonaro em relação
a mudanças sobre as regras para que os médicos permanecessem no programa,
como realização das provas do Revalida, exame para avaliar os conhecimentos
sobre medicina, receber salário-integral e opção de trazer familiares para o
Brasil.
No atual governo, o
Ministério da Saúde estuda o retorno do programa antigo.
Por Agência Brasil/Foto: arquivo (médica cubana que atendia na cidade de Vazante)