Lagoa Formosa: servidora pública morre de COVID-19 em Paracatu e família precisa acionar a polícia para conseguir reconhecer o corpo
Os parentes só tiveram direito de ver o corpo após registrar dois boletins de ocorrência
Se não bastasse a tristeza e a dor de perder um ente querido, uma família da cidade de Lagoa Formosa precisou registrar dois boletins de ocorrência na Polícia Militar, até que conseguiu o direito de reconhecer o corpo de uma mulher de 37 anos, que faleceu em consequência da COVID-19 no Hospital Municipal de Paracatu. Mônica Aparecida Rosa que trabalhava no hospital “Dr. Bininho” estava internada na cidade do Noroeste Mineiro, mas não resistiu às complicações em decorrência do coronavírus e faleceu por volta das 14h20 desta quinta-feira (25/02).
De acordo com os familiares de Mônica,
o drama começou quando eles chegaram ao Hospital Municipal de Paracatu,
juntamente com o funcionário de uma funerária, para fazerem a retirada e
translado do corpo para o sepultamento em Lagoa Formosa. No hospital municipal
daquela cidade, o marido e alguns parentes receberam a notícia da direção da
unidade que não seria possível fazer o reconhecimento do corpo. Inconformados,
eles se recusaram a retirá-lo do necrotério sem ter a certeza que levariam o
corpo de Mônica.
Com isso, os familiares acionaram a
Polícia Militar e registram o primeiro boletim de ocorrência, sendo que as recomendações
da Organização Mundial de Saúde (OMS) dizem que antes da retirada do necrotério,
o corpo de uma pessoa que faleceu em decorrência da COVID-19 deve ser
reconhecido por um parente, desde que este cumpra todas as determinações de
segurança, devido os perigos do contágio do vírus. Mas, mesmo assim, o Hospital
Municipal de Paracatu continuou recusando deixar o marido reconhecer o corpo da
esposa.
Após muitas tentativas, registro de
novo boletim de ocorrência e a iminência de contratação de um advogado para
acionar o hospital juridicamente, foi que o órgão resolveu liberar o marido
para ver o corpo de Mônica. Com isso, como já tinha passado quase 24 horas da
morte da lagoense e ela já estava bastante inchada, o caixão que foi levado de
Lagoa Formosa não coube o corpo. A família ainda precisou providenciar outro
caixão de tamanho maior, causando ainda mais sofrimento e transtornos a todos
os parentes.
A família pede providencias e mais
respeito por parte do Hospital Municipal de Paracatu, sendo que nas outras
cidades, os hospitais estão permitindo que os corpos das vítimas que estão
falecendo com a doença COVID-19 sejam reconhecidos pelos parentes, desde que os
mesmos respeitem as devidas restrições e normas, como exemplos, o hospital de
campanha e o regional de Patos de Minas, onde recentemente, a própria falecida
Mônica já havia perdido o sogro e a sogra, que também faleceram após serem
contaminados pelo coronavírus.
Ainda de acordo com a família da
falecida, a maior preocupação em reconhecer o corpo era o receio de que o corpo
da mulher fosse trocado, sendo que eles foram informados que outras pessoas
haviam morrido no hospital municipal de Paracatu, no mesmo dia (25), em virtude
de complicações da COVID-19. Depois de muito sofrimento o corpo foi liberado e
a servidora pública foi sepultada nesta tarde de sexta (26) em Lagoa Formosa.
Esta não foi a primeira vez que pacientes de Lagoa Formosa, que estavam internados em Paracatu, morreram e os familiares encontram dificuldades na retirada dos corpos. No dia 10 de fevereiro, um idoso de 85 anos faleceu no mesmo hospital em decorrência de infecções causadas pela COVID-19 e os familiares tiveram que retirar o corpo do local sem ele ser reconhecido.
EM NOTA A SECRETARIA DE SAÚDE DE PARACATU INFORMA:
- O
Hospital Municipal de Paracatu segue os protocolos de segurança do Ministério
da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde (SES);
- Em
casos de óbitos por COVID, os protocolos apresentam recomendações em relação ao
corpo da vítima para evitar a disseminação do novo coronavírus;
- Depois
que o corpo passa pelos procedimentos de vedação e é colocado no saco fúnebre é
recomendado que ele não seja exposto novamente;
- A
prefeitura de Paracatu lamenta o ocorrido e solidariza com os parentes e amigos
da falecida.
Fotos: arquivos
Vanderlei Gontijo
Galeria de Fotos (2)
COMENTÁRIOS DESABILITADO(3)
-
ELENICE MARTINS ROSA
E muita falta de respeito com o ser humano e os familiares pois o marido ja tinha perdido os pais ,e mais esse transtorno ,não há coração que aguenta.
27/02/2021 09:28
Responder -
....
Tem detalhes na reportagem q são desnecessários, a não ser que a família tenha autorizado, devemos respeitar a dor do outro. Lamentável
26/02/2021 21:40
ResponderO REDATOR
A matéria foi produzida e contextualizada seguindo as informações repassadas pela família, sendo totalmente aprovada por eles.
27/02/2021 13:58