Minas registra saldo positivo no PIB do Agronegócio de 2020
Alta produtividade do café é um dos componentes da evolução do resultado, aponta estudo divulgado pela Fundação João Pinheiro
O Produto
Interno Bruto (PIB) do agronegócio de Minas Gerais expandiu, em termos
agregados, de R$ 115,6 bilhões em 2019 para R$ 150,8 bilhões em 2020. No
período, a participação no total do PIB estadual evoluiu de 18,0% para 22,6%. O
resultado foi divulgado pela Fundação João Pinheiro (FJP) na quinta-feira
(22/4), e é parte do Informativo FJP - Análise Insumo-Produto e Contas
Regionais: PIB do Agronegócio de Minas Gerais.
Do acréscimo nominal de R$ 35,2 bilhões em 2020, R$ 18,4 foram inseridos ao
Valor Adicionado Bruto (VAB) a preços básicos do setor primário, que passou de
R$ 28,9 bilhões em 2019 para R$ 47,3 bilhões em 2020. Os R$ 16,8 restantes
foram adicionados nas indústrias e serviços conectados ao agronegócio,
incluindo impostos indiretos aplicados aos produtos dessas atividades. Nesse
componente do entorno do agronegócio mineiro, o valor produzido passou de R$
86,7 bilhões em 2019 para R$ 103,4 bilhões em 2020.
“As principais explicações que encontramos para esse resultado estão
relacionadas ao fato de 2020 ter sido um ano de produtividade alta de café, que
é um produto importante na nossa pauta. E ao fato de que, a partir do 2º
trimestre, as economias da China e de alguns países do leste asiático começaram
a apresentar um controle bastante avançado da pandemia do coronavírus, com
recuperação econômica ocorrida relativamente cedo nesses países”, explica o
coordenador de Contas Regionais da Diretoria de Estatística e Informações
(Direi/FJP), Raimundo Leal. “Com isso, a demanda global dos produtos do setor
primário evoluiu de maneira favorável a partir do segundo trimestre do ano
passado e no segundo semestre, em particular, e o desempenho dos mercados se
manifestou com muita clareza na evolução dos preços internacionais”, completa.
O movimento de elevação dos preços dos produtos agrícolas em 2020 esteve
relacionado à oferta mundial menor de algumas culturas e à maior demanda de
compradores como a China, o que resultou no aumento das cotações das principais
commodities em moeda estrangeira e na redução da oferta interna em razão do
aumento no volume exportado.
Repercussão
A secretária de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini, destaca que o bom preço dos
produtos é um estímulo para o produtor mineiro investir e produzir . E também
ressalta como incentivador o ambiente de confiança que o Governo de Minas,
que defende quem produz, defende o produtor rural, vem desempenhando.
"Tivemos um excelente trabalho feito pela Secretaria de
Estado de Fazenda (SEF), que se reuniu com o os produtores,
possibilitou convênios, e isso leva confiança para o setor. A Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) tem
feito reuniões mensais com a Faemg, e isso dá muito ânimo para todo mundo.
Ações e atitudes positivas, que trazem esperança de que o ambiente vai
melhorar, isso tudo ajuda no crescimento da produção."
“Quando avaliadas em moeda estrangeira, as principais commodities agrícolas
tiveram uma evolução muito favorável em 2020. E se não bastasse isso, o ano
passado também foi um período em que a moeda brasileira depreciou em relação ao
dólar e às demais moedas estrangeiras. Portanto, o faturamento em moeda local
da produção do agronegócio teve um desempenho espetacular no que diz respeito à
evolução dos preços e a produção respondeu positivamente também aos estímulos
de uma situação favorável no mercado”, esclarece Leal.
O subsecretário de Política e
Economia Agropecuária de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, que foi mediador
do evento, comemora os resultados. “Mesmo com o momento completamente novo
vivido em 2020, o agronegócio apresentou números espetaculares. Temos um
cenário muito favorável para 2021 e estou otimista de que o crescimento será
ainda maior”, acredita. Ele também destaca a relevância do estudo. “Dados como
esses apresentados pela Fundação João Pinheiro sinalizam o caminho a ser tomado
para a condução das políticas públicas e o direcionamento das ações de todos os
envolvidos na cadeia, o que é extremamente relevante para o futuro do setor”,
conclui.
Desempenho
Na agricultura mineira, café
(em grão) arábica, soja (em grão) e cana-de-açúcar responderam, em 2019, por
62,7% do Valor Bruto da Produção (VBP) setorial. Em 2020, o volume produzido de
café arábica teve expansão de 38,3%, a soja teve acréscimo de 19,2% na
quantidade colhida e a cana-de-açúcar teve um ganho de 7,4% na quantidade
produzida.
Em comparação a 2019, a
pecuária apresentou redução de 5,7% na bovinocultura de corte em 2020, enquanto
o abate de suínos registrou aumento de 4,8% e o de frangos, de 4,6%.
Nessa mesma base de comparação, a bovinocultura leiteira apresentou evolução,
com quantidade de leite adquirido 3,6% maior em 2020, resultado também decisivo
para a expansão do volume de VAB agropecuário de Minas Gerais.
Fonte: Agência Minas