Operação na região de Patos de Minas termina com o resgate de 207 trabalhadores agrários em condições análogas à de escravidão
Os trabalhadores estavam sendo submetidos a condições degradantes de trabalho e moradia em colheitas de café, batata, alho e palha de milho
Encerrou nessa quinta-feira (1º), com 207
resgatados, uma série de operações de combate ao trabalho análogo à escravidão
realizadas em Minas Gerais. As operações tiveram início no dia 22 de agosto
abrangendo municípios próximos de Araxá, Patos de Minas, Pouso Alegre e Poços
de Caldas. Os trabalhadores estavam sendo submetidos a condições degradantes de
trabalho e moradia em colheitas de café, batata, alho e palha de milho. As
operações são resultado de um trabalho conjunto realizado pelo Ministério
Público do Trabalho (MPT/MG), Auditoria-Fiscal do Trabalho (AFT), Defensoria
Pública da União (DPU), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Rodoviária
Federal (PRF) e Polícia Federal (PF).
Na operação realizada na região de Araxá, por meio
de dois Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) assinados perante o MPT e a DPU,
empregadores se comprometeram a adequar condições de trabalho e alojamentos,
bem como a reparar as violações aos direitos fundamentais dos trabalhadores.
Em atividade na operação realizada na região de
Araxá, de 22/8 a 1/9, o Procurador do MPT, Thiago Castro, relata que, em relação
a duas fazendas, houve resgate de 99 trabalhadores, sendo 25 que trabalhavam na
extração da palha de milho em Delfinópolis e 74 na colheita de alho em Nova
Ponte.
“O resgate mais expressivo ocorreu, no dia 26/8, em
relação a 74 trabalhadores, oriundos do Maranhão, que estavam submetidos a
condições degradantes, tanto nas frentes de trabalho – em razão de questões
ergonômicas relativas à atividade de colheita de alho -, quanto nos
alojamentos. Eles estavam em duas moradias no Município de Santa Juliana, sendo
uma delas um local improvisado em que, no passado, já funcionou uma funerária.
Um imóvel completamente inadequado onde os banheiros e quartos praticamente se
fundiam. Lá, foram resgatados 43 trabalhadores. No segundo alojamento, onde
estavam 31 pessoas, as condições também eram muito precárias, com destaque para
a existência de “gato” nas instalações elétricas com iminente risco de choque
elétrico. Nos dormitórios, não havia ventilação adequada em boa parte do local,
já que as únicas janelas disponíveis ficam de frente para as paredes de uma
Delegacia construída imediatamente ao lado desses cômodos.”
O resultado da atuação do MPT em relação à referida
fazenda de alho foi a celebração, em conjunto com a DPU, de um Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC), por meio do qual o empregador se comprometeu,
além do cumprimento de normas de saúde, higiene e segurança no trabalho, ao
pagamento de indenizações por danos morais individuais que variam de R$ 5 mil a
R$ 18 mil reais por trabalhador, dependendo do tempo alojado, totalizando R$
972 mil reais. Também haverá o pagamento de R$ 500 mil reais a título de
reparação por dano moral coletivo.
No dia 23/8, foram resgatados 25 trabalhadores, na
colheita e extração da palha de milho para a confecção de cigarros de palha. O
resultado da atuação do MPT foi a celebração, em conjunto com a DPU, de um
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), por meio do qual o empregador se
comprometeu a oferecer condições adequadas, tanto nas frentes de trabalho, como
nos alojamentos. “Além de um valor total de mais de 200 mil reais já pago aos
trabalhadores em virtude da rescisão dos contratos de trabalho, cada um dos 25
empregados, dentre eles dois adolescentes, receberão indenização, a título de
reparação, pelos danos morais individuais do qual foram vítimas”, explica o
Procurador.
A operação em Araxá contou também com participação
da coordenadora da Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da
Faculdade de Direito da UFMG, Lívia Miraglia, e da Diretora da ONG Global Fund
do End Modern Slavery (GFEMS), Fernanda Carvalho.
Em operação nas cidades de Iraí de Minas,
Indianópolis e Campos Altos, que também contou a participação do MPT, foram
resgatados 91 trabalhadores.
Fonte: Ascom MPT/MG