Patos de Minas: 15 pessoas são resgatadas de suposta clínica de reabilitação em condições análogas a escravidão
Elas foram encaminhadas para a cidade de Uberlândia.
Uma operação conjunta do Ministério do Trabalho e da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) resultou no resgate de 15 pessoas em condições análogas a da
escravidão em Patos de Minas. A ação foi desencadeada na manhã desta
sexta-feira (15/07) numa clínica de reabilitação, no Bairro Coração
Eucarístico.
Os internos eram obrigados a trabalhar sem salário ou qualquer outro benefício - Foto: Toninho Cury
Segundo o auditor fiscal do trabalho, Humberto Camasmie, denúncias
indicaram que uma clínica para dependentes químicos estaria mantendo pessoas em
condições análogas à escravidão. A gente constatou que essa clínica buscava
pessoas de municípios distantes daqui como Montes Claros, Brasília, Pirapora e
Belo Horizonte.
Eles traziam os pacientes para Patos de Minas com a promessa de
recuperação. No entanto, a clínica utilizava a mão de obra destas pessoas, em
extrema vulnerabilidade socioeconômica, para o trabalho numa empresa de
produção de gesso.
A empresa, na qual os pacientes trabalhavam, pertencia aos mesmos
proprietários da clínica de reabilitação. “Trabalhavam de forma totalmente
irregular, sem registro de carteira, sem pagamento de salário e com jornadas
extenuantes” detalhou Humberto.
Para atrair os pacientes, a clínica ofereceria um “tratamento gratuito”
com o objetivo de utilizar os internos no trabalho análogo. “Não havia nada de
terapêutico, nenhuma metodologia de tratamento, havia apenas a prestação de serviço”
ressaltou o auditor.
As condições físicas do imóvel que
alojavam as 15 pessoas são totalmente inadequadas
Os fiscais do trabalho encontraram condições impróprias no imóvel como
presença de um único banheiro, quartos pequenos e sem ventilação e higiene
precária. Também foram apurados episódios de agressões contra os
“pacientes/trabalhadores”. Um deles foi espancado e teve graves lesões nas
costelas.
As 15 pessoas resgatadas serão encaminhadas para Uberlândia onde
receberão todo o auxílio. “Por se tratar de pessoas com dependência química e
de álcool, nós conseguimos viabilizar uma estrutura mais adequada permanente”,
disse o auditor. O município de Uberlândia e a UFU vão fazer o acompanhamento e
o acolhimento.
Fonte: Lélis Félix/Fotos: Toninho Cury