Região do Cerrado Mineiro lança campanha inédita para proteger origem autêntica de seu café
Com slogan “A verdade é rastreável”, iniciativa visa reforçar a origem e evidenciar o autêntico Cerrado Mineiro
A
Região do Cerrado Mineiro (RCM), pioneira na Denominação de Origem (DO) para
café no Brasil, enfrenta um problema comum entre as regiões
que atingem notoriedade e fama: o uso indevido da Denominação “Cerrado
Mineiro”, o que pode comprometer a reputação da Região, prejudicando consumidores e produtores.
É
considerado uso indevido ou uma infração às normas da
Federação dos Cafeicultores do Cerrado toda embalagem,
seja de café verde, cafés
industrializados (torrado e moído) que comunica a denominação “Cerrado
Mineiro” sem que o lote de café tenha
passado pelo processo de certificação de origem e qualidade da Região do
Cerrado Mineiro, que possui o registro de Denominação de Origem assegurado pelo
INPI – Instituto Nacional de Propriedade
Industrial. A Federação é a entidade que
regula a norma de utilização do nome “Cerrado Mineiro”,
que fica atrelada ao processo de certificação de origem, tendo a
comunicação obrigatoriamente ser acompanhada do Selo de Origem, que é o que
garante a origem e qualidade. “Se um café está comunicando
em sua embalagem “Cerrado Mineiro” mas não passou pela
certificação da Federação, quem garante que a procedência dele
de fato é o Cerrado Mineiro? E mais: quem garante
a qualidade mínima necessária e o processo de produção deste
café?”, questiona Juliano
Tarabal, diretor executivo da Federação.
Campanha inédita
Para
combater essa prática, a RCM lançou uma campanha
inovadora: "A verdade é rastreável – promovendo
o autêntico Cerrado Mineiro". A iniciativa visa conscientizar a cadeia
envolvida no café e a população sobre a importância de
consumir cafés autênticos e reforçar o valor
do selo de origem controlada do café da Região. A
campanha também busca informar produtores, cooperativas, exportadores,
torrefadores e consumidores nacionais e internacionais sobre a nova política da
Denominação de Origem e seus benefícios, ampliando o controle e a
rastreabilidade da origem do café do Cerrado Mineiro.
Além disso, promove a valorização do café certificado com o
selo de DO, tanto no mercado nacional quanto internacional, gerando engajamento
e sentimento de pertencimento entre os produtores e demais stakeholders.
Tarabal
explica que, desde 2013, o Selo de Origem e Qualidade
atesta que o lote comercializado possui a certificação de Origem e Qualidade da
Região do Cerrado Mineiro, conforme os requisitos estabelecidos no processo de
produção. "Infrações existem e são frequentes com cafés
industrializados se referindo à origem de forma
inadequada e sem o selo da RCM. Compreendemos que
ainda existam casos assim, pois o processo de Indicação Geográfica (IG) ainda é novo no
Brasil, o mercado ainda está em aprendizagem em
relação à utilização da origem controlada. Portanto, queremos
estar cada vez mais próximos dos
diferentes elos da cadeia para orientar. A campanha representa um esforço para
garantir que os consumidores recebam produtos de qualidade e origem
certificada, combatendo as infrações e fortalecendo a confiança no café do Cerrado
Mineiro", destaca.
De
acordo com o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gláucio de
Castro, os produtores da região enfrentaram desafios para cultivar um café genuíno e
inigualável em uma terra antes desacreditada para a cafeicultura. "Desde o início, havia
o temor de que a qualidade desse café, resultado de um comprometimento
histórico e de condições geográficas e climáticas
ideais, pudesse ser comprometida. Para proteger essa trajetória, os
produtores se organizaram, criaram uma marca com mais de 52 anos, delimitaram o
território e conquistaram a Denominação de
Origem", conta Castro.
Para
ele, a campanha marca um avanço na luta contra fraudes, garantindo
que os consumidores possam desfrutar de um café genuíno, com
origem e qualidade certificadas, além de valorizar o trabalho dos
produtores que seguem os requisitos necessários para a
certificação. "A autenticidade dos cafés do
Cerrado Mineiro precisa ser protegida e é uma
responsabilidade coletiva garantir a qualidade e a história dos cafés da Região”, afirma Gláucio.
Em
nível internacional, por exemplo, a Região de
Champagne, famosa Denominação de Origem para espumantes na França, já passou por
problemas de infração de uso indevido no Brasil, há cerca de 20
anos, quando vinícolas brasileiras comunicavam a denominação “champagne” em suas
garrafas de espumante, o que é ilegal, pois apenas
podem ser denominados champagne espumantes produzidos na Região de
Champagne na França e que sejam certificados pelo
Conselho Regulador da Champagne. Estima-se que na Europa, o prejuízo causado
pelo uso indevido das Denominações de Origem Europeias pode chegar a cerca de 4
bilhões de euros por ano, segundo informações do setor de Propriedade
Intelectual da União Europeia.
Dinâmica
A
campanha conta com a participação de personalidades renomadas no mercado, como
cafeicultores, exportadores de café, torrefadores e consumidores de café especial,
todos referências na Região do Cerrado Mineiro. A divulgação inclui
redes sociais, áudios e vídeos, materiais impressos como
banners e outdoors, totens e diversos materiais promocionais, como camisetas,
copos térmicos e bottons.
Importância da Denominação de Origem
A
Denominação de Origem (DO) é um selo de
qualidade que identifica produtos originários de uma região
específica e que possuem características singulares e diferenciadas,
resultado de fatores geográficos, climáticos e
culturais. No caso dos cafés da Região do Cerrado Mineiro, essa
certificação garante que o produto foi cultivado e processado na área dos 55
municípios da Região e por um dos 4.500 produtores, obedecendo a padrões
rigorosos de qualidade, sustentabilidade e garantindo a rastreabilidade.
Para
aumentar a oferta de cafés com Denominação de Origem no
mercado, uma nova Política de Denominação de Origem foi desenvolvida e
estabelece que todos os cafés que atingirem pelo menos 80 pontos
e passarem pelas cooperativas serão certificados. "Essa é a qualidade
mínima exigida para garantir a Denominação de Origem. Levando em conta esse
novo posicionamento, nossa expectativa é colocar no
mercado, na safra 2024/2025, entre 600 e 700 mil sacas de café. Sairemos
de 115 mil sacas na última safra para 600 mil, um aumento
exponencial suficiente para atender a demanda do mercado global, para o qual
temos mapeados a utilização da Origem Cerrado Mineiro em 44 países por
mais de 700 marcas”, explica Juliano Tarabal.
Fonte:
SERIFA – Comunicação com Ação