Revista científica publica trabalho universitário sobre impactos ambientais em área de preservação permanente do Rio Paranaíba
Os estudos mostram avaliação de impactos ambientais na APP do Rio Paranaíba e inferências para mitigação
A revista científica Ibero-Americana
de Ciências Ambientais publicou em meados de 2021, a conclusão de trabalho
elaborado por alunos de mestrado do curso Meio Ambiente e Qualidade Ambiental
da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade Federal de Goiás.
O resumo do trabalho
registra os impactos negativos, de origem antrópica, identificados na APP do
rio Paranaíba, mais frequentes foram: erosão / assoreamento, presença de
espécies exótico-invasoras, lançamento de esgoto e disposição de resíduos sólidos.
A bióloga patense, Eni Aparecida do Amaral, que é servidora pública
municipal lotada na Diretoria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Patos
de Minas, utilizou o material como peça de conclusão de seu mestrado no curso
de Meio Ambiente e Qualidade Ambiental pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). O trabalho desenvolvido pela bióloga contou com a colaboração do
universitário Gabriel Rosa da Silva e a orientação técnica dos pesquisadores
doutores André Rosalvo Terra Nascimento e Claudionor Ribeiro da Silva (UFU), e
Ana Paula de Oliveira (UFG).
De acordo com o
texto, as Áreas de Preservação Permanente (APP), por meio da vegetação ripária
exercem papel fundamental na rede de drenagem, estabilizando margens, formando
corredores ecológicos, protegendo a biodiversidade e os mananciais, e ainda
regulando o fluxo de água e nutrientes. O presente estudo teve como objetivo
avaliar os principais impactos ambientais existentes na área de APP do rio
Paranaíba (perímetro urbano), no município de Patos de Minas e apontar
inferências para mitigação dos impactos e recuperação ambiental das áreas
degradadas. Para isso, foi utilizada a matriz adaptada de Leopold com o intuito
de avaliar os impactos ambientais quanto aos seus principais atributos e
interferências nos meios físico, biótico e antrópico. Os impactos negativos, de
origem antrópica, identificados na APP do rio Paranaíba, mais frequentes foram:
erosão/assoreamento, presença de espécies exótico-invasoras, lançamento de
esgoto e disposição de resíduos sólidos. Os fatores que mais impactaram o meio
físico, com alta magnitude e alta importância para os aspectos considerados
foram: a disposição de resíduos sólidos e o desbaste. Dos impactos observados,
aqueles que mais afetaram o meio biótico correspondem ao fogo, presença de
espécies exóticas, desbastes e o lançamento de esgoto, com alta magnitude e
alta importância para os atributos deste meio. Em relação ao meio antrópico, os
impactos com maior relevância em função da alta magnitude e alta importância para
todos os atributos analisados para este meio foram: o lançamento de esgoto,
ausência de dissipador final eficiente de drenagem urbana e o desbaste. Os
resultados encontrados apontam a necessidade de mitigação dos impactos
ambientais e recuperação das áreas onde houve maiores evidências de degradação
ambiental.
Palavras-chave: Zona ripária;
Áreas urbanas; Degradação; Matriz de Leopold.
A introdução do trabalho anuncia que
os processos de urbanização vêm sendo acompanhados por profundas alterações no
uso e ocupação do solo, os quais resultam em impactos ambientais nas bacias
hidrográficas principalmente em suas áreas de proteção. As transformações
sofridas pelas bacias em fase de urbanização podem ocorrer rapidamente, e
quando não há planejamento na gestão urbana, podem provocar desequilíbrio nos
sistemas ambientais interferindo de forma negativa na qualidade de vida da
população (ONO, 2008). Dentro de uma bacia hidrográfica, as matas ripárias
exercem papel fundamental na rede de drenagem, a destacar: sustentação do solo
nas suas margens, formação de corredores ecológicos, manutenção da
biodiversidade, proteção de mananciais, ciclagem de nutrientes e na regulação
do fluxo de água (GONÇALVES et al., 2005; MORAIS et al., 2017). De acordo com
Morais et al. (2017), a vegetação ripária, por meio da serapilheira e das
raízes das árvores, fornece resistência ao impacto das gotas das chuvas e do
escoamento superficial, por proporcionarem maior infiltração da água, reduzindo
assim processos de erosão e assoreamento. Essa vegetação funciona como um papel
de filtro das águas que sobrevém das partes mais altas da bacia impedindo ou
dificultando o carreamento de sedimentos e resíduos para o sistema aquático,
contribuindo, dessa forma, para a manutenção da qualidade da água nas bacias
hidrográficas. Neste sentido, Stutter et al. (2021) também destaca essa função
das matas ripárias, quando afirma que a vegetação ripária funciona como uma
zona de amortecimento de impactos aos recursos hídricos uma vez que as boas
condições ciliares das zonas ripárias proporcionam o aumento da resiliência do
sistema do canal ripariano às pressões locais ou a montante. Por outro lado, a
degradação da condição e função em áreas ribeirinhas leva a resiliência
reduzida. As zonas ripárias estão enormemente degradadas em todo o mundo devido
às atividades humanas e às mudanças no uso da terra nas áreas adjacentes (WANG
et al., 2020). A destruição das matas ripárias e a conversão destas áreas em
outros usos e ainda as formas de ocupação e manejo desordenado do solo têm sido
as principais fontes de impactos e degradação dos ambientes ripários (TANIWAKI
et al., 2017). As matas ripárias constituem zonas denominadas Áreas de
Preservação Permanente (APPs), cujos limites e extensão são definidos pela Lei
de Proteção da Vegetação Nativa, entretanto, muitas vezes em áreas urbanas,
tais limites são infringidos (MORAIS et al., 2017; BRASIL, 2012; GONÇALVES et
al., 2005), o que contraria a própria legislação, uma vez que qualquer
intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APPs somente poderia ocorrer
nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto,
nos casos caracterizados na referida lei (BRASIL, 2012). A aplicabilidade da
preservação integral de APPs situadas próximas ou em áreas urbanas normalmente
é dificultada, principalmente pela degradação e o impacto que elas sofrem,
causados principalmente pela ação antrópica. A degradação dessas áreas ocorre
de várias formas, por exemplo, através de deposição de resíduos, lançamento de
efluentes e construções irregulares (LACORTE et al., 2015). Outros indicadores
potenciais de degradação florestal incluem: incêndio, desmatamento,
fragmentação e a dominância de espécies exóticas ou invasoras.
Diante disso, torna-se pertinente identificar e mensurar os principais
impactos ambientais de natureza negativa (que causam danos à qualidade de um
fator ou parâmetro ambiental) presentes em Áreas de Preservação Permanente
urbanas, que deveriam estar conservadas e destinadas à preservação de suas
funções ambientais. Dentre as metodologias de diagnósticos ambientais
existentes, a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é uma importante ferramenta
de diagnóstico, constituindo uma abordagem sistemática utilizada na
identificação e avaliação de impactos benéficos e nocivos sobre os componentes
físicos, biológicos e socioeconômicos do ambiente, que podem surgir a partir da
implementação de projetos, planos, programas ou políticas públicas (SÁNCHEZ,
2006; GILBUENA JUNIOR et al., 2013). Nessa perspectiva, o objetivo do presente
estudo foi avaliar os principais impactos ambientais, de natureza negativa,
existentes na área de APP do rio Paranaíba, no município de Patos de Minas e
apontar inferências para mitigação dos impactos e recuperação ambiental das
áreas degradadas.
Resultados e Discussão: Impactos ambientais observados
na APP do Rio Paranaíba. Dentre os impactos observados na APP, a
erosão/assoreamento, a introdução de espécies exóticas, a disposição de
resíduos sólidos e o lançamento de esgoto, apresentaram a maior frequência. Da
totalidade, estes quatro impactos somam 62% da frequência observada nos pontos
identificados na Área de Preservação Permanente do Rio Paranaíba, na faixa
pertencente à bacia hidrográfica no município de Patos de Minas.
Fonte: Civuca Costa