Superior Tribunal Federal valida prisão após condenação pelo júri
A decisão da Corte envolve um recurso de um homem condenado a 26 anos por feminicídio
O Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (12) validar prisões
imediatas de condenados pelo Tribunal do Júri. Com a decisão, criminosos
que forem condenados por homicídio passarão a cumprir a pena imediatamente, sem
o direito de recorrer em liberdade.
Para a
maioria dos ministros, o princípio constitucional da soberania dos vereditos do
júri autoriza a execução imediata da pena.
A prisão
imediata só vale para condenações pelo júri. Nos demais casos, a prisão para
cumprimento de pena continua da forma aplicada atualmente, ou seja, somente
após o fim de todos os recursos possíveis.
O caso
começou a ser julgado em agosto do ano passado no plenário virtual, quando foi
registrada maioria de votos pela prisão imediata. No entanto, o julgamento foi
suspenso para ser retomado no plenário físico.
Ontem (11),
o relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, votou a favor da prisão imediata. O ministro Gilmar Mendes
abriu a divergência e afirmou que a execução antecipada da pena viola a
presunção de inocência dos acusados.
Na sessão
desta quinta-feira, o julgamento foi finalizado com a maioria de votos pela
prisão imediata. O entendimento do relator foi seguido pelos ministros André
Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.
Edson Fachin
e Luiz Fux também se manifestaram pela prisão imediata, mas só para condenações
superiores a 15 anos.
Rosa Weber e
Ricardo Lewandowski, que votaram antes da aposentadoria, se manifestaram contra
a prisão imediata.
Durante a
sessão, o ministro Alexandre de Moraes citou casos nos quais o homicida chega
preso preventivamente ao julgamento, mas sai do tribunal em liberdade após a
sentença condenatória. O ministro também disse que a falta de prisão imediata
coloca em risco a vida dos jurados.
“Não podemos
deixar que permaneça essa situação de impunidade em que, a partir de recurso
atrás de recurso, a pessoa já condenada pelo júri fique anos e anos solta”,
afirmou.
A ministra
Cármen Lúcia, única mulher no STF, também votou pela prisão imediata e disse
que a democracia não tem gênero. A ministra defendeu a punição contra os
feminicídios e disse que, “quando uma mulher é violentada, todas são”.
“No
assassinato de mulheres, joga-se álcool no rosto, esfaqueia-se no rosto,
atira-se no rosto para abalar a imagem. Isso acontece conosco. Comigo e com
todas as outras. Não é porque sou juíza do Supremo que não sofro preconceito.
Sofro. Isso acontece todos os dias neste país”, afirmou.
A decisão da
Corte envolve um recurso de um homem condenado a 26 anos por feminicídio. O
acusado matou a ex-companheira com quatro facadas após um desentendimento pelo
término do relacionamento. Ele foi condenado ao cumprimento imediato de pena,
mas a defesa entrou com recurso.
Fonte:
Agência Brasil