Valor da arroba do boi gordo se mantém firme apesar do período seco
Exportações brasileiras de carnes continuam em ritmo forte
No período de entressafra do boi gordo, entre junho e novembro, há uma
piora na qualidade das pastagens, levando os pecuaristas a aumentarem a oferta
de animais no mercado. Com isso, costuma ocorrer uma queda nas cotações da
arroba do boi, o que geralmente, se reflete numa baixa do preço da carne para o
consumidor em geral. Mas este ano, vários fatores vêm influenciando no mercado
do boi e os preços do produto seguem firmes.
O coordenador estadual de Bovinocultura da Emater-MG, Nauto Martins, diz
que, apesar da má qualidade das pastagens nesta época, o mercado do boi gordo
continua estável. "Tem animais disponíveis para venda, mas os custos de
produção subiram muito e as exportações continuam sólidas, por isso o preço da
carne não tem cedido", explica Nauto.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério
da Economia, as vendas externas de carne bovina in natura somaram 153,19 mil
toneladas em maio, uma ligeira queda de 2,74% frente ao mês anterior, mas uma
forte elevação em relação a maio de 2021, 20,83%. Outro fator importante é que
o preço pago pela carne brasileira atingiu o recorde da série histórica da
Secex, se aproximando de US$ 7 mil por tonelada.
Com a subida do dólar, o valor pago pela proteína também foi o máximo da
série histórica, atingindo R$ 34,3 mil/tonelada.
Alta internacional
Em Minas Gerais, no período de janeiro a abril de 2022, as exportações
de carnes chegaram a US$ 492 milhões, com a venda de 130 mil toneladas. O
segmento de bovinos apresentou incremento de 66% na receita e de 30% no volume.
Já o de aves registrou 41% na receita e 15% nos embarques. "Por causa da
Covid, os chineses estão sendo rigorosos na fiscalização, inclusive
descredenciando algumas plantas de frigoríficos. Mas as exportações continuam
firmes, não só para a China como para outros países", salienta Nauto.
Diferentemente das exportações, a demanda doméstica de carne bovina segue
enfraquecida, devido aos fatores macroeconômicos e aos valores mais atrativos
das carnes concorrentes.
Aumento dos custos de produção
No dia 15 de junho, a cotação da arroba do boi teve um preço médio de
R$298,75 no Triângulo Mineiro e de R$291,00 na região Central de Minas, segundo
a Unidade de Planejamento e Estratégia Corporativa, da Emater/MG. O coordenador
da Emater/MG comenta que outro fator que tem fortalecido as cotações é a alta
dos custos de produção. "O preço dos fertilizantes usados na adubação de
pastagens subiu muito, assim como os combustíveis. E, no último ano, os valores
do milho e da soja, que são utilizados na alimentação de bovinos,
principalmente em confinamentos, tiveram uma forte valorização", explica.
O coordenador de Bovinocultura da Emater/MG lembra que, onde houve uma
redução nas despesas do pecuarista, foi no custo de reposição dos animais.
"O preço do bezerro está caindo. Em seis meses, foi de R$2900,00 para
R$2465,00 (nelore, de 8 a 12 meses). Era uma queda de certa forma esperada,
pois houve uma grande valorização no ano passado e agora o mercado está se
normalizando", justifica Nauto. Segundo o Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), o preço do bezerro caiu 25,2% no Brasil em
um ano.
Flávia Freitas-Assessoria de Comunicação/Foto: Divulgação Emater-MG