Vereadores de Patos de Minas decidem cassar mandato de Marquim das Bananas
Ainda poderão ocorrer eventuais recursos judiciais.
Depois de
várias horas de sessão a portas fechadas, os vereadores de Patos de Minas
decidiram cassar o mandato de Marcos Antônio Rodrigues, o Marquim das Bananas,
do Partido Social Democrático (PSD). Ele foi acusado de assédio sexual contra
uma ex-assessora parlamentar.
A sessão começou
por volta das 8h desta quinta-feira (4/11). O processo tramitou em segredo e
não foi permitida a participação da imprensa na sessão. O relatório foi lido,
vereadores fizeram pronunciamentos e na sequência os advogados de acusação e de
defesa procederam com as argumentações.
Foram 12 votos
pela cassação e quatro contra. Bartolomeu (DEM), Itamar André (DEM), João Marra
(PATRIOTA) e Lásaro Borges (PSD) votaram a favor de Marquinhos.
A Justiça
Eleitoral determinará quem assumirá a vaga. Possivelmente será o suplente,
Nilvado Tavares (PSD). Ele obteve 656 votos nas eleições de 2020.
Parecer da comissão
Durante
depoimento, na comissão, o vereador Marquim das Bananas afirmou que se
apaixonou pela ex-assessora parlamentar durante a campanha eleitoral, entre
outubro e novembro de 2020. Disse ainda que a mulher teria correspondido, porém
a relação teria se finalizado antes do início do mandato, em janeiro de 2021.
Marquim das
Bananas, em depoimento, disse que a ex-assessora tirava a roupa na frente dele
para seduzi-lo, porém não teve uma relação sexual consumada. Informou ainda que
a levou ao motel duas vezes, sendo que na última, no final de fevereiro a
entregou a quantia de R$ 500,00.
A comissão, no
parecer, aponta que o depoimento já indica uma conduta questionável: “uma vez
que, segundo seus relatos, teria ele, um homem casado, nomeado para o seu
gabinete uma mulher com quem teria um envolvimento amoroso/afetivo, e, além
disso, foi ao motel com a mesma mediante pagamento. O pagamento indica, no
mínimo, uma relação promíscua do parlamentar”.
Depoimentos de
testemunhas indicaram que a relação entre o vereador e a denunciante era frio e
seco. “O vereador sequer conversava [com ela] na frente de terceiros. Quando
tinha que lhe pedir algo, passava para os outros repassarem o recado”.
Uma assessora
parlamentar, que trabalha no gabinete ao lado, narrou que já presenciou Marquim
das Bananas irritado. O episódio aconteceu quando ele ofereceu carona para a
ex-assessora e ela recusou.
O parecer da
comissão processante também aponta que houve contradições no depoimento de
Marquim das Bananas. Em certo momento ele disse que a relação era
afetiva/amorosa e depois indiciou que não tinha interesse sexual, “a tratava
como filha”. O vereador também afirmou que após a eleição, 15/11/2020, perdeu a
confiança nela. A comissão escreveu: “ora, a relação era amorosa/afetiva, de
paternidade, ou sequer havia relação de confiança? E se não havia mais
confiança, por que o denunciado a nomeou e manteve em um cargo de confiança?”.
Sobre provas, a
comissão caracterizou que comportamentos abusivos acontecem em locais e
momentos privados, e não em público, o que dificulta a comprovação.
Algumas gravações,
apresentadas pela acusação, mostram a ex-assessora dizendo que “queria apenas
fazer o seu trabalho, e que não estava disposta a se prostituir pelo emprego”.
A ex-assessora, em
depoimento, alegou que o vereador pedia fotos de conteúdo íntimo para ele se
sentisse bem e lhe oferecia dinheiro para ambos saírem juntos.
No final de
fevereiro, a ex-assessora disse que aceitou sair com o vereador com a promessa
de que depois a deixaria em paz.
A comissão
inferiu: “Esses pontos […] demostram que a ex-assessora estava sob grande
pressão […] e que o parlamentar usou de sua posição de poder, e se aproveitou,
[…], para constrangê-la com conotação sexual, o que, certamente, não é
compatível com a dignidade da casa”.
Por Lélis Félix