COVID-19: estudo da Fiocruz mostra que com avanço da vacinação mortes e ocupação de UTI’s têm queda
Pesquisadores observam redução na incidência de mortes
O avanço da vacinação contra a COVID-19 já produz
impacto na mortalidade causada pela doença e na ocupação de leitos nas unidades
de tratamento intensivo (UTI), segundo edição extraordinária do Boletim
Observatório COVID-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada nesta
quarta-feira (30/06).
Apesar da manutenção de níveis altos de transmissão
da doença, em um patamar estável ainda mais elevado que o do ano passado, os
pesquisadores observaram queda na incidência de mortes. A razão para esse
descolamento nas tendências, segundo o boletim, pode ser explicada pela
vacinação dos grupos de maior risco e exposição, como idosos, portadores de
doenças crônicas e profissionais de saúde.
"Hoje,
a cobertura vacinal dentro desses grupos é mais ampla em relação ao restante da
população. Ao mesmo tempo, a circulação de novas variantes do vírus pode
aumentar a sua transmissibilidade sem que isso represente, no entanto, um
aumento no número de casos graves com necessidade de internação",
diz um trecho do estudo, que ressalta que a transmissão em patamares elevados
gera casos graves entre grupos populacionais não vacinados ou com
vulnerabilidade potencializada por fatores individuais ou sociais.
O boletim mostra que, entre 20 e 26 de junho, foi
mantida uma incidência média de 72 mil novos casos de COVID-19 por dia no país,
o que representa uma oscilação de -0,2% ao dia em relação à semana anterior. Já
a mortalidade média foi de 1,7 mil vítimas por dia, o que corresponde a uma
queda diária de 2,5%. Apesar da redução no número de óbitos, que chegou a uma
média de 3 mil por dia no pico da pandemia, a Fiocruz ressalta que a
mortalidade ainda é considerada muito alta e "não permite afirmar que haja
qualquer controle da pandemia no Brasil".
Ocupação de leitos
Sobre a internação de casos graves da doença, os
pesquisadores destacam que as taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para
adultos no Sistema Único de Saúde (SUS),
observadas no dia 28 de junho de 2021, mostram quedas expressivas no Nordeste e
nos estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no Centro-Oeste. Por outro
lado, Tocantins, Paraná e Santa Catarina são os que apresentam situação mais
preocupante.
"A
vacinação começa a dar sinais de resultados positivos de forma mais sensível
com a ampliação da cobertura de grupos etários de menos de 60 anos. O estudo
verificou também que a situação dos leitos de UTI - que atingiu o nível máximo
de sobrecarga e colapso em meados de março de 2021 - parece ir se consolidando
em patamares melhores, ainda que em cenário de predominância de algum alerta,
requerendo cuidados para evitar nova piora",
diz um trecho do boletim.
Medidas de prevenção
A Fiocruz alerta que as medidas de combate à
transmissão da doença devem continuar sendo adotadas por estados e municípios
até que seja decretado o fim da pandemia no Brasil. O lockdown continua a ser
recomendado para todos os locais com taxa de ocupação de leitos de UTI maior
que 85%, e um conjunto de medidas deve ser mantido pelos demais gestores
públicos.
A fundação explica que devem ser combinadas medidas
que reduzam a propagação do vírus e a sobrecarga do sistema de saúde com ações
que garantam os insumos necessários para o atendimento aos pacientes e
políticas que reduzam os impactos sociais e sanitários da pandemia,
principalmente para as populações e grupos mais vulneráveis.
Os pesquisadores também aconselham que o momento de
redução nas internações é uma oportunidade para reorganizar o sistema de saúde,
reforçar medidas de prevenção, promover campanhas de comunicação, testar e
rastrear casos suspeitos e atender demandas represadas.
"O
sistema de saúde precisa ser reorganizado para atender às demandas relacionadas
à COVID-19,
sejam elas imediatas ou as que se colocarão por um tempo, relacionadas à COVID-19
e às suas múltiplas manifestações incapacitantes. Além disso, outros casos,
retidos em “fila de espera” neste ano e meio de pandemia, precisam ser objeto
de atenção dentro desse processo de reorganização do sistema de saúde".
Fonte: Agência Minas