Fhemig publica protocolo para varíola do macaco e reforça seu pioneirismo em saúde no estado
A fundação se prepara com antecedência para prevenir, tratar e controlar possíveis casos de monkeypox
Em resposta ao alerta epidemiológico emitido pela
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), no dia 20 de maio deste ano, a Fhemig produziu o “Protocolo Clínico para
orientações gerais, prevenção e controle do Monkeypox”, publicado na tarde de
ontem (1/6) em seu site.
O documento foi formulado em menos de duas semanas,
com as melhores e mais atualizadas evidências disponíveis e traz informações
necessárias à assistência segura ao paciente suspeito e/ou confirmado de
infecção pelo vírus Monkeypox, que transmite a varíola dos macacos.
O secretário de Estado de Saúde e ex-presidente da
Fhemig, o médico Fábio Baccheretti Vitor, afirma que o protocolo é fundamental
para o reconhecimento precoce dos pacientes suspeitos e também para ações de
vigilância sanitária pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG). “Esse
protocolo vai orientar as equipes da Fhemig e vai ser utilizado também pelos
outros hospitais que, comumente, adotam os protocolos desenvolvidos pela
Fundação, que tem expertise no assunto”, ressalta.
Amplitude de uso
De acordo com o médico infectologista e membro da
Coordenação de Segurança Assistencial da Diretoria Assistencial (Dirass) da
Fhemig, Flávio Souza Lima, o público-alvo do protocolo clínico são os
profissionais de saúde que atuam na Fundação.
“Ele foi elaborado com o objetivo de subsidiar as
unidades assistenciais da Rede e também poderá ser utilizado, como base, para a
elaboração de protocolos de outros serviços”, reforça o infectologista. Ainda
segundo Flávio, a Fhemig sempre consulta as normatizações nacionais e
internacionais na elaboração de suas políticas assistenciais.
Lucinéia Carvalhais, médica infectologista e gestora
da Diretoria Assistencial da Fhemig, destaca que, em razão do impacto
macrorregional da Fhemig, que atua alinhada com as necessidades do SUS estadual
e macrorregional, foi preparado o protocolo, que dá as diretrizes para as
unidades hospitalares da Rede para o recebimento e o manejo dos casos que
entrem em critério de suspeição de monkeypox.
Antecipação
O protocolo incorpora todas as diretrizes para a
celeridade da notificação, numa eventual contenção de disseminação da doença,
assim como para o cadastro no SUSFácil, caso haja necessidade de internação.
A diretora assistencial assegura que os casos de
monkeypox que têm ocorrido no mundo, fora da África, não têm demonstrado
necessidade de internação hospitalar, nem complicações graves.
“Esse não é um evento que possa ser descartado. Caso
ocorra isso, as unidades estarão preparadas para conduzirem a fase inicial,
inclusive, com o envio para internação. No caso de adultos, a referência é o
Hospital Eduardo de Menezes, se houver demanda por internação, que, inclusive,
já está preparado com seu protocolo interno e plano de contingência para
atendimento. Para a internação de crianças, a referência é o Hospital Infantil
João Paulo II. Ambos são hospitais da Fhemig e referências estaduais para doenças
infecciosas”, diz Lucinéia.
Trabalho em grupo
O protocolo clínico para o manejo da varíola do
macaco, elaborado pela Fhemig, teve, além de Flávio Souza Lima, a autoria das
infectologistas Lívia Fulgêncio da Cunha Melo e Elisa Caroline Pereira Assad.
Contou ainda com a colaboração do médico clínico Guilherme Donini Armiato, da
infectologista Tatiani Oliveira Fereguetti e do cirurgião geral Victor Ikeda.
Para Guilherme, a experiência recente da comunidade
científica e médica no enfrentamento à pandemia da covid-19 motivou a agilidade
no enfrentamento à varíola do macaco. “Isso é fruto da pandemia anterior que
está muito viva em nossa mente”, acredita.
Casos
A OMS informou, em coletiva de imprensa, realizada
ontem (1/6), que os casos confirmados da doença já somam 550 e foram
registrados em 30 países. A hipótese levantada pelo organismo internacional de
saúde é que, devido ao fato de o vírus circular em diversos países ao mesmo
tempo, é provável que o monkeypox estaria circulando de forma indetectável já
há algum tempo. Ainda segundo a OMS, trata-se, neste momento, de um surto da
doença.
No Brasil, até agora, de acordo com o Ministério da
Saúde, há três casos em investigação, distribuídos pelos estados de Santa
Catarina, Ceará e Rio Grande do Sul. Segundo Flávio Lima, ainda não é possível
estimar a probabilidade de ocorrência de casos em Minas Gerais, “mas caso
ocorram, é fundamental que os serviços de saúde já tenham se preparado para o
atendimento desses casos”. Daí a importância do protocolo clínico de manejo da
doença desenvolvido pela Fhemig.
Flávio destaca que a varíola dos macacos é conhecida
desde meados do século passado e que é endêmica em algumas regiões do
continente africano. Além disso, já ocorreram casos em outros continentes no
passado. “Ainda não é possível afirmar se o número de casos que ocorrem neste
momento será suficiente para uma epidemia ou pandemia, mas a vigilância já se
iniciou”, completa o infectologista.
Transmissão e sintomas
Além de ser menos transmissível que a covid-19, tudo
indica que o número de casos da varíola do macaco será menor. “É importante
salientar que ainda não ocorreram óbitos fora do continente africano, até o
momento”, diz o especialista. Flávio acentua que, em regiões endêmicas, o
monkeypox causa uma letalidade entre 1% e 10%.
Acredita-se que os hospedeiros animais da varíola do
macaco sejam roedores silvestres e primatas não humanos. Outro ponto importante
é que não há vacina específica contra o vírus monkeypox. Por outro lado,
segundo nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do
dia 31 do mês passado, não há vacina contra a varíola humana disponível, neste
momento, que poderia ser usada no caso da varíola do macaco. Ela foi
responsável pela erradicação da varíola humana na década de 80 e possui
eficácia de 85% quando aplicada em pessoas infectadas pelo monkeypox.
Os sintomas da varíola do macaco são mal-estar
geral, febre e cansaço, que são muito parecidos com os da gripe. Além disso, os
nódulos linfáticos ficam inchados. Na sequência, aparecem erupções na pele, que
podem se iniciar como manchas vermelhas e sem volume, depois apresentam volume
e bolhas para, finalmente, formarem cascas. Uma característica que a diferencia
da varicela (catapora) é que as lesões se apresentam em uma mesma fase de
evolução nos casos de varíola.
Foto: Fhemig