Patos de Minas - Detentos trabalham na extração de sementes do fruto de macaúba para reflorestamento
“O trabalho feito em Patos de Minas está atendendo muito bem, é de boa qualidade. Tudo depende da técnica de quebra e dos cuidados”

O cuidadoso trabalho de extrair as sementes do fruto
da macaúba começou há menos de uma semana por dez detentos no Presídio de
Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Já no Presídio de Patos de Minas, no Alto
Paranaíba, também com dez presos, as atividades têm quatro meses.
De forma artesanal, com o uso de uma marreta, pois
ainda não existem máquinas capazes de fazer o que as mãos realizam, os frutos
são quebrados e as sementes utilizadas na regeneração de áreas degradas, com o
plantio da palmeira de macaúba, uma árvore nativa do Brasil.
As atividades com a macaúba acontecem dentro de
galpões nas duas unidades prisionais, por de meio de parceria com a empresa
Inocas, que tem a missão de recuperar terras de pastagens, em parceria com
agricultores familiares, através do cultivo da macaúba.
O trabalho é realizado de segunda a sexta-feira, no horário comercial, e os
presos têm direito à remição de pena, para cada três dias de atividades, um a
menos na pena, e o recebimento de três quartos do salário mínimo.
Em Patos de Minas, os presos conseguem extrair
aproximadamente 7 quilos por dia de semente intactas, aquelas que não sofreram
nenhum dano no momento da retirada do fruto; e 8 quilos de sementes
danificadas.
As intactas são enviadas para o laboratório da empresa
em Campinas (SP), onde é feita a aceleração do processo de germinação, enquanto
as sementes danificadas são usadas na produção de óleo vegetal. Toda semana
saem do galpão do presídio cerca de 75 quilos de sementes para a empresa.
“Esta é uma parceria de sucesso, apesar do pouco
tempo. Já estamos estudando a possibilidade de ampliarmos o espaço, para que
possamos aumentar o número de presos na atividade. Temos uma lista de espera de
35 homens que querem ser inseridos neste trabalho”, relata o sub-diretor de
atendimento, Rodrigo Bonatti.
No Triângulo Mineiro, no Presídio de Ituiutaba, ainda
não houve entrega de sementes para a empresa parceria, mas o diretor da
unidade, Abílio Félix Bezerra Neto, garante que “os presos estão
animados e muito dedicados”.
No local, a atividade também despertou o interesse de
outros presos participarem. “Eles foram treinados e conseguiram pegar,
rapidamente, o jeito de fazer a retirada de forma correta. Isso é muito bom”,
comemora o diretor.
Responsabilidade ambiental
A bióloga e mestre em genética vegetal, Mariana
Sanitá, gerente do laboratório de germinação de sementes da Inocas, explica que
as sementes enviadas para o laboratório não podem ter nenhum machucado ou
trinca.
“O trabalho feito em Patos de Minas está atendendo
muito bem, é de boa qualidade. Tudo depende da técnica de quebra e dos
cuidados”, explica a gerente. Do laboratório, saem as sementes com a raiz e
a estrutura que vai soltar a primeira folha.
O fato da palmeira macaúba ser uma árvore nativa do Brasil ajuda na regeneração de solos. Ela tem importância socioambiental, com potencial para compor sistema agropastoril, sendo encontrada, principalmente, na transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, mas marca presença em diversos estados, entre eles Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí, Tocantins e Ceará.