PCMG adquire equipamento de ponta para análise pericial de bebidas
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) conta com um novo e sofisticado
equipamento, já em funcionamento, para análise pericial de bebidas. O
investimento, estimado em quase R$ 1 milhão, é fruto de convênio da PCMG com o
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Fundo Estadual de
Proteção e Defesa do Consumidor.
O analisador, instalado no Instituto de Criminalística (IC) da PCMG, em
Belo Horizonte, já está sendo utilizado para perícias em bebidas apreendidas em
todo o estado. Além de agilizar os processos de análise, o equipamento oferece
grande precisão e eficiência para a elaboração dos laudos periciais em bebidas
alcoólicas (destiladas e fermentadas) e outras bebidas não alcoólicas
gaseificadas, como energéticos e refrigerantes.
Conforme explica o perito criminal da PCMG, Pablo Alves Marinho, que
atua na Seção Técnica de Física e Química Legal do IC, o equipamento permite, num
prazo médio de um dia, identificar, por meio de características químicas, se a
bebida pode ter sido falsificada, adulterada ou sofrido algum tipo de violação,
ou contaminação. “O equipamento apresenta, com grande precisão, resultados de
seis a oito parâmetros da bebida que são fundamentais para a elaboração de um
laudo pericial conclusivo. Sem ele, teríamos que fazer a análise de cada
parâmetro individualmente, o que poderia demandar vários dias para um parecer
final”, detalha.
Dentre os parâmetros analisados simultaneamente, estão a concentração
alcoólica, densidade, extrato, pH, cor, turbidez e níveis de CO2 e O2, que são
obtidos automaticamente pelo equipamento, sem necessidade de preparação da
amostra, como nos casos de bebidas ainda envasadas.
A perita criminal Renata Fontes Prado Faraco, também da Seção Técnica de
Física e Química Legal do IC, observa que apenas duas polícias no país contam
agora com o equipamento, sendo a primeira a Polícia Civil do Distrito Federal
(PCDF). “Foi inclusive na oportunidade da investigação de cervejas contaminadas
com dietilenoglicol no ano passado que a equipe da PCMG precisou ir até
Brasília para usar o equipamento da PCDF”, esclarece. “Com isso, tivemos a
oportunidade de pleitear a aquisição de um aparelho próprio para a PCMG, o que
foi possível graças à parceria bem-sucedida com o Ministério Público”,
completa.
Ainda segundo Renata, na ocasião da investigação das cervejas, o
equipamento foi preponderante para indicar que a contaminação teria ocorrido
ainda na cervejaria. “Isso porque o analisador permite verificar se a embalagem
não está violada e, portanto, poderíamos descartar a contaminação em outros
locais que não na própria cervejaria, que se tornou posteriormente o foco das
apurações”, detalha.
Relembre
Em janeiro de 2020, a PCMG deu início às investigações de pessoas que
foram internadas com sintomas de intoxicação após tomarem cerveja de uma
empresa da capital. Dez pessoas morreram e outras tiveram problemas de saúde
graves em consequência das contaminações. Ao todo, 11 pessoas que tinham
relação com a cervejaria foram indiciadas pela Polícia Civil nos crimes de
lesão corporal, homicídio e intoxicação de produto alimentício.