Pesquisa da Pfizer revela impacto da pandemia na saúde mental de jovens
Duas mil pessoas foram ouvidas em cinco capitais do país
Durante a pandemia de covid-19, metade dos jovens
sentiu impactos na saúde mental, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (1º) pelo
laboratório Pfizer. Segundo o estudo, 39% das pessoas na faixa de idade entre
18 e 24 anos disse que a saúde mental ficou ruim no período e 11% responderam
que ficou muito ruim. Na amostra total, 5% disseram que a saúde mental está
muito ruim e 25% ruim, totalizando 30%.
A pesquisa foi realizada pela Inteligência em
Pesquisa e Consultoria (Ipec) e ouviu 2 mil pessoas na cidade de São Paulo (SP)
e nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e
Salvador.
Segundo o psiquiatra e pesquisador da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), Michel Haddad, a pandemia contribuiu para expor
um aumento dos casos de transtorno mental que já era percebido nos anos
anteriores. “A pandemia escancarou esse
problema, mas isso já vinha acontecendo de longa data, especialmente nas últimas
duas décadas”, destacou.
O médico explicou que os transtornos mentais, sendo
a depressão um dos mais comuns, estão ligados a uma série de fatores, desde a
pré-disposição genética até questões do meio onde a pessoa vive. Por isso, Haddad
enfatizou a importância de uma atenção especial a grupos mais vulneráveis:
“Os
ambientes competitivos, a desigualdade social, as minorias étnicas, as
populações que têm estado de vulnerabilidade social ou os grupos mais
vulneráveis: idosos e adolescentes, todos esses são, infelizmente, a população
mais afetada”.
Tristeza
e insônia
Apesar de a maioria da população em geral ter uma
boa avaliação da própria saúde mental, a pesquisa identificou que muitas
pessoas têm sintomas que podem ser indicativo de problemas. Disseram ter
irritação e insônia 38% das pessoas ouvidas pela pesquisa, percentual que sobe
para 53% (irritação) e 45% (insônia) entre os jovens de 18 a 24 anos. A
tristeza foi relatada por 48% da população geral e por 58% dos jovens.
Mulheres
As mulheres também relataram mais questões com a
saúde mental, com 38% classificando esse aspecto da vida como ruim ou muito
ruim. Entre as entrevistadas, 47% disseram ter irritação, 45% insônia e 53%
tristeza. As crises de choro afetaram 34% das mulheres e 7% dos homens. Entre
os jovens, 38% disseram ter esse tipo de episódio.
Entre os fatores que impactaram a saúde mental
durante a pandemia, 23% mencionaram as dívidas e a situação financeira, 18% o
medo de pegar covid-19 e 12% a morte de alguém próximo.
Desde o início da pandemia, foram efetivamente
diagnosticados com ansiedade 16% das pessoas entrevistadas, percentual que
sobre para 20% entre as mulheres e 19% entre os jovens. Com depressão, 8%
receberam esse diagnóstico, sendo que entre as mulheres o número fica em 10%.
Para Haddad, mesmo após o fim da pandemia, os
efeitos desse momento na saúde mental da população devem permanecer por algum
tempo. “Mesmo depois de um controle dessa
questão sanitária, dos índices de infecção, nós ainda vamos viver os impactos
dessa pandemia nos transtornos mentais”, ressaltou.
Fonte: Agência Brasil