Valor da arroba do boi segue em tendência de alta
O recorde foi estabelecido por uma saca de café do produtor Enivaldo Marinho Pereira, da Fazenda Cruzeiro/Cachoeira, em Carmo do Paranaíba.

Os preços da
arroba do boi vêm subindo em todo o país, desde o final de agosto. Em novembro,
a cotação da arroba do boi gordo se manteve acima dos R$300,00 (dados do Cepea)
e segue em trajetória de alta. Devido às escalas apertadas de abate nos
frigoríficos, o valor da arroba chegou a atingir R$350 essa semana, em São
Paulo. A subida do preço da carne bovina tem puxado para cima também os preços
do bezerro, com os produtores apostando numa virada do ciclo pecuário de baixa
para alta.
A
expectativa do coordenador regional de Pecuária da Emater-MG, Marcelo Martins
(Unidade Regional de Alfenas), é que o mercado continue em tendência de alta
por um bom tempo, em recuperação aos anos anteriores de baixa. "Na
pecuária brasileira, temos ciclos de aumento das cotações e depois de redução
de preços (ciclo pecuário). Em época de cotações altas, há um maior abate de
fêmeas, elevando a oferta de carne no mercado, o que diminui os preços. Com
menos fêmeas disponíveis, no ano seguinte, cai a produção de bezerro. A oferta
menor de bezerros e a retenção de fêmeas para a reprodução, redunda em menos
carne para comercialização e na subida de preços como é a situação atual",
explica Marcelo.
De acordo
com o coordenador, de 2021 a 2023, foram anos de queda de preço na pecuária.
Agora ocorre uma recuperação nas cotações, com a reversão no ciclo pecuário.
"Ultimamente, estamos vendo a recuperação do valor do bezerro, que deve
atingir ótimos preços, em 2025, pela escassez de animais. Os pecuaristas
deverão reter as fêmeas para produção de bezerros, reduzindo a oferta de carne
e valorizando a arroba", destaca o coordenador da Emater-MG.
Exportações
A alta do
dólar é outro fator que contribui para o cenário firme de alta de preços. O
volume de carne bovina in natura exportado no mês de outubro foi recorde, com
270 mil toneladas, superando o desempenho do mesmo período de 2023 em 45,2%,
conforme dados do Governo Federal. Em igual comparação, o faturamento está
47,2% maior.
"Com o
dólar alto, fica barato os outros países comprarem aqui. Além disso, a demanda
de carne bovina está aquecida no mercado internacional. Mas geralmente o que
determina mesmo os preços no Brasil é a melhora da renda interna nos
país", comenta. Segundo os analistas de mercado, a perspectiva de queda na
produção mundial de carne bovina para 2025 reforça a tendência mais otimista
para a pecuária brasileira no próximo ano.
Aumento
da produtividade
Mas apesar
das boas perspectivas para a atividade, o coordenador da Emater-MG salienta que
os produtores ainda enfrentam muitos desafios. "A seca foi muito severa em
2024, prejudicando bastante as pastagens. Além disso, a mão de obra, a energia
elétrica, os minerais e vários itens necessários na pecuária tiveram fortes
altas, estreitando as margens do produtor", destaca Marcelo.
Tudo isso,
segundo o coordenador, reforça a necessidade de atenção do pecuarista para um
bom gerenciamento da atividade. "Estamos numa virada de ciclo, mas o
pecuarista não pode descuidar da produtividade. A rentabilidade da propriedade
está diretamente relacionada com a quantidade de arrobas produzidas por
hectare. E no Brasil, a média ainda é muito baixa (cerca de 6 arrobas por
hectare/ano), mas com o uso de tecnologias como a melhoria de genética, a
rotação de pastagens, cuidados na nutrição e outras técnicas, que já estão
sendo adotadas em muitas propriedades, a produção pode crescer muito no
país", destaca o coordenador.
A
recuperação de pastagens degradadas é outro passo fundamental para permitir um
forte aumento de produtividade da pecuária de corte no país. Em Minas Gerais, a
arroba do boi gordo para exportação (Boi China) está sendo negociada a
R$319,50, no Triângulo mineiro; a R$317,50, no Norte de Minas, e a R$314,50, no
Sul de Minas. Os dados são da Scot Consultoria para o dia 14 de novembro.
Assessoria
de Comunicação – Emater-MG